Por Daniel Fabre.
Poucas vezes um personagem do mundo do futebol se posiciona tanto em um tema político como está fazendo Pep Guardiola na questão da soberania catalã. O atual técnico do Bayern de Munchen mostrou seu apoio a campanha “Juntos pelo Sim” e disse que esta ruptura será boa também para a Espanha: “O que virá será melhor para todo mundo”.
O ex-treinador do Barcelona comentou, em uma entrevista ao diário “El Punt Avui”, que tanto a Catalunha como a Espanha serão melhores depois que ocorrer a independência e que será muito difícil frear o processo se houver uma grande maioria que o respalde no próximo domingo dia 27, o dia da eleição: “Não se anda para trás”
O ex-jogador que lamentou estar fora de sua terra neste momento, aguarda ansioso os resultados dos comícios e os movimentos do governo espanhol de Mariano Rajoy e da comunidade internacional: “Na verdade, não sei o que vai acontecer, mas parece que nunca se produziu uma situação como a atual, tão excepcional, e o vier a ocorrer já iremos ver. Agora, não votamos somente para decidir quem será nosso presidente porque isso faremos mais adiante… Votamos agora para definir o que queremos ser, a todo gás, o que somos e que as vezes nos custa tanto”.
“Sou catalanista porque meus pais me criaram na Catalunha e porque eu nasci na Catalunha”. Guardiola desde o início de sua carreira deixou claro sua posição ideológica, admitindo inúmeras vezes que teria preferido jogar pela seleção catalã do que na espanhola. “As leis nos diziam que tínhamos que jogar com a seleção espanhola, que a seleção catalã não é legitimada para jogar competições europeias ou internacionais. Como eu jogava na liga espanhola, se me convocavam, tinha que atender… Mas uma pessoa não pode renegar o que sente, o que ama. E eu me sinto ligado a meu país, a Catalunha. Eu me sinto muito ligado a aquilo que sinto dentro da minha cabeça e dentro do meu coração, um país que há 800 anos tem sua própria língua, absolutamente própria. Eu sinto isso como parte de mim mesmo.”
No último dia 20 de Julho, o eurodeputado da Convergência Ramon Tremosa anunciou que Pep Guardiola fecharia a lista única com que Artur Mas e Oriol Junqueras se apresentariam nas próximas eleições catalãs sob o guarda-chuvas do ‘Juntos pelo Sim”. A decisão não surpreendeu em casa. Sua irmã, Francesca Guardiola, tinha sido nomeada umas semanas antes a diretora geral de Relações Exteriores da Catalunha. Na verdade Guardiola não tem nenhuma intenção de ser deputado, mas aceitou ser o último da candidatura independentista como um gesto simbólico para apoiar o processo.
A candidatura gerou forte reação do governo central espanhol. O ministro do interior Jorge Fernandez Diaz se manifestou dizendo que “Não se pode assobiar e chupar cana ao mesmo tempo, ser treinador do Bayern e, ao mesmo tempo, dedicar-se a política; ou fazes uma coisa ou fazes outra. É bastante triste e lamentável.” O treinador catalão o contestou se defendendo: “Tudo que fazemos em nossa vida é política. Porque não posso defender minha opinião? Quero o melhor para o meu povo, isso é tudo. Quanto mais gente votar será melhor para Catalunha, para Espanha e para Europa”.
Campanha do ‘Junts pel Si’ que participa Pep Guardiola: