Por Leo Griz Carvalheira.
O Pontal do Paranapanema é uma área de mais de um milhão de hectares no interior do Estado de São Paulo e representa muito bem a gravidade da questão agrária no Brasil. Genocídio, desmatamento, grilagem ilegal, porém com conivência das autoridades, latifúndios, concentração da terra para poucas pessoas, envenenamento de solos, luta de agricultores sem-terras são apenas alguns dos componentes desta trágica história da expansão do capital agrícola brasileiro.
O Brasil é o maior exportador mundial de diversos produtos agrícolas, como soja, cana de açúcar, café, tabaco, entre outros. O agronegócio brasileiro é o que mais cresce no mundo, a uma taxa de 9% ao ano, batendo récordes de produção a cada safra, representa um terço do PIB e 93% das exportações brasileiras. Como na “democracia” burguesa capital é poder e anda junto com o estado, os ruralistas ocupam também todos os níveis do legislativo, do judiciário e do executivo, enfim, de todo o estado brasileiro. Não coincidentemente, o Brasil é não só o país que mais permite agrotóxicos e transgenia e que tem as leis ambientais mais frouxas do mundo, como ainda mais tragicamente é campeão mundial em assassinatos no campo, de indígenas e de lideranças ambientalistas e camponesas.
Conheça a história do Pontal do Paranapanema, terra dos latifúndios de Luiz Antonio Nabhan Garcia, agropecuarista atual presidente da UDR, associação ruralista cujo objetivo claro é fazer lobby contra leis ambientais e contra demarcações de terras indígenas e de preservação. Este documentário conta como foi a ocupação desta importante parte do Brasil, que um dia foi (e pode voltar a ser) um pedaço exuberante de Mata Atlântica. O documentário de 2005, ainda que não abranja a trajetória da luta por terra nos últimos 10 anos, permite um panorama da questão quanto ao interior do estado de São Paulo: