Por Paulo Wescley Maia Pinheiro*
“Enquanto o racismo estrutural impõe a desigualdade sobre os negros no Nordeste, o (des)colorismo vai reproduzindo o falseamento de que não haveria esse fenômeno em muitas partes da região. Na realidade, muitos dos negros nordestinos estão marginalizados nos espaços, invisibilizados na ideia tortuosa da miscigenação brasileira, no mito da democracia racial, também vilipendiados pelas análises críticas sudestocêntricas ao perceber o racismo.”
INTRODUZINDO O DEBATE
A reprodução do preconceito regional no Brasil é algo cotidiano e, ao mesmo tempo, uma questão nebulosa do ponto de vista de sua visibilidade política e teórica. Especialmente a região Nordeste, mas também o Norte do país e outros territórios distantes do centro economicamente desenvolvido, tem os seus povos, identidades, culturas e corpos subjugados, promovendo maior possibilidade de exploração e complexificando as opressões estruturais no país.
Num país de proporção continental o que acontece na parte de baixo do mapa ainda ganha contorno privilegiado. Às margens disso há a essência: as pessoas que carregam nas costas o campo e a cidade, o centro e a periferia, a capital e o interior, a produção e a reprodução de uma sociedade que serve ao lucro de poucos.
Tratar, ainda que panoramicamente, da questão do Nordeste brasileiro revela dimensões importantes do antagonismo de classes no país. É preciso refletir as expressões da questão social e os mitos construídos sobre o povo nordestino, produzidos dentro da naturalização da ideologia burguesa, que encobrem a complexidade dos processos de exploração e também de resistência que fizeram parte da formação histórica da região, da identidade do seu povo, das contradições em sua auto-imagem e do modo como é retratado pela hegemonia em diversas práxis como a política, a arte, a ciência e o senso comum.
Para isso é fundante partir de alguns pressupostos teóricos que não aprofundaremos aqui, mas que são essenciais em suas diferenças, como Caio Prado Jr, Octávio Ianni, Florestan Fernandes, Rui Mauro Marini, Lélia Gonzales, Virgínia Fontes que ancoram reflexões que tomam a base material da nossa formação sócio-histórica dentro do capitalismo dependente, as raízes coloniais, escravocratas e patriarcais do Brasil, a burguesia brasileira subsumida ao capital-imperialismo, o desenvolvimento desigual e combinado internamente expresso. Por fim, é também central nessa reflexão a categoria alienação, tida não somente como um elemento econômico, mas como um processo de desumanização em todas as esferas da vida dentro da lógica da unidade exploração-opressão.
O rebaixamento e obscurecimento da temática reproduz deformações e advém de um conjunto de fatores que processam essa síntese naturalizada sendo composta pela falta de trato da unidade entre questão urbana e rural no Brasil, pelo histórico tratamento da questão de classe de forma abstrata, pelo falta de desenvolvimento de uma tessitura entre classe, raça/etnia e gênero/sexo como unidade e com mediações mais profundas, pelo trato raso sobre o complexo migratório internacional e nacional.
Parte 1 – Nordeste, exploração-opressão e resistência no capitalismo brasileiro
Tradicionalmente os movimentos sociais que pautam as opressões, os partidos de esquerda e as organizações sindicais pouco deram importância para a constituição que determinou a migração interna no País e desenvolveu as possibilidades de exploração intensa da classe trabalhadora nordestina, estruturando a modernização brasileira, se juntando às condições fundantes realizadas pelas raízes escravocratas e patriarcais.
Da marginalização ao moralismo, do assistencialismo à romantização da pobreza, da invisibilização midiática às caricaturas, a classe trabalhadora nordestina teve e tem sua condição de trabalho precarizada, sua cultura mercantilizada e subjugada, a discriminação naturalizada. Assim, não há como entender o Brasil, suas lutas e contradições, sem desvendar a essência do que se expressa fenomenicamente no preconceito contra o povo nordestino.
A cordialidade brasileira é uma característica laminada pela contradição. Macia na aparência, ela esconde direções tortuosas, sentidos incoerentes e significados diversos que miram seu corte preciso naquilo que nos acostumamos a achar normal em nossa forma de atuar, seja para viver, seja para sobreviver.
Na esteira do mito cordial o apassivamento confundido com pacifismo e o amortecimento dos conflitos transmutado como suposta tolerância, foram acobertando e reproduzindo o cerne de uma estrutura capitalista calcada no racismo, no patriarcado e na subserviência ao imperialismo.
Um passo importante para aprofundar esse entendimento é lançar mãos das reflexões que aprofundam a unidade entre os processos das opressões socialmente construídas e a exploração da força de trabalho e que ganham substância notória nos últimos tempos.
A lente sobre o capitalismo dependente e as particularidades da formação do Brasil e da América Latina como pilares para o entendimento das suas expressões cotidianas contribuem para uma perspectiva de totalidade no reconhecimento de uma classe trabalhadora diversa, sem a reprodução de noções abstratas da luta de classes em territórios fora do eixo do capital.
O modelo colonial promovido no Brasil faz parte de um processo mais amplo de estruturação da acumulação originária do capital internacional que particulariza um movimento fundacional de subsunção ao imperialismo desde de seus primórdios.
Essa característica vai sendo constituída de diferentes elementos que permitem um processo de desenvolvimento dependente e combinado, com formas rebaixadas aos interesses europeus que, entre tantas questões, fortalece uma estrutura de rebaixamento do valor da força de trabalho quando se hegemoniza uma estrutura de trabalho assalariado nos anos da República.
Entre diferentes formas de existir no tramitar histórico dos anos de colônia, de império e de modernização conservadora republicana, há um nó do tradicional metamorfoseado que referenda o trabalho não remunerado, a violência nos espaços produtivos e uma cultura de desumanização das pessoas que foi construída e reproduzida no genocídio e etnocídio dos povos indígenas, na instrumentalização forçada via escravidão da população negra, no acobertamento da importância das atividades realizadas pelas mulheres no processo de reprodução social e, em determinado período e particularidade, na naturalização de práticas análogas à servidão em espaços rurais.
O debate sobre as desigualdades do desenvolvimento regional interno no Brasil, suas consequências econômicas, sociais e culturais tem costumeiramente apagado a discriminação regional que articula e expressa a dimensão de classe, raça/etnia e gênero, expressando condições singulares na exploração de uma parcela de pessoas da classe trabalhadora e reproduzindo elementos específicos em valores preconceituosos com tons análogos à xenofobia imperialista, mas sob expressão interna no território nacional.
A seiva e o suor da seca produzida e reproduzida como fenômeno social constrói as possibilidades para os setores dominantes se apropriarem das condições da natureza, constituindo relações sociais como verdadeiras cercas para a reverberação de um instrumento fundamental para o Brasil moderno: a exploração intensa da força de trabalho oriunda do Nordeste do país. Essa exploração, no entanto, não é somente material e nem poderia se estabelecer somente no campo da produção, sendo condimentada por fundamentos políticos e culturais que retroalimentaram a naturalização das condições historicamente determinadas sobre o preconceito geográfico brasileiro.
A ideia de que uma região do país, em especial a megalópole paulistana, seja responsável por carregar o país nas costas esconde o fato de que seu apogeu econômico foi construído sobre as costas do povo negro escravizado, centro da objetificação radical de seres humanos oriundos do continente africano e, posteriormente, jogados para às margens do Brasil moderno; do povo nordestino migrante e imposto ao subtrabalho e o não-migrante imbuído à uma vida sob a sorte da ausência de políticas estruturantes do Estado nacional, preocupado apenas na manutenção da ordem e no desenvolvimento econômico sudestino; e, por último, completando as costas proletárias, o acolhimento de parte sobrante do exército industrial de reserva europeu, paulatinamente chegando no final do século XIX e progressivamente aumentando nas duas grandes guerras do século XX.
Passam-se décadas de pauperização e o “paraíba” e o “baiano” são naturalizados no cotidiano das periferias do Rio de Janeiro e de São Paulo, vistos como instrumentos, adjetivados de forma preconceituosa, carregando uma história de invisibilidade e imposições.
Em tempos de crise a barbárie inflama contradições. De repente, pulsa um escândalo aqui ou acolá, revelando as discriminações cotidianas. A enxurrada de depoimentos reacionários numa eleição presidencial, culpando os “ignorantes e famintos da parte de cima do mapa país” por não optarem majoritariamente por um projeto ultraliberal e profofacista; ou um tuíte mais específico mandando “afogar os nordestinos”; uma provocação de torcedores de futebol chamando nordestinos de miseráveis ou uma “brincadeira” de um colega de trabalho que foi documentada e viralizou são os recortes escritos do tratamento às trabalhadoras domésticas, aos porteiros, aos garçons, aos garis, aos peões, ou seja, aos sujeitos que estão realizando atividades socialmente tidas como trabalhos de nordestinos no Sudeste.
Enfim, o que parece ser algo muito circunstancial do ódio do presente é, na verdade, manifestação de uma construção histórica que não é somente no campo da cultura, mas que se constitui do elitismo como ódio de classe.
Assim como a escravização dos povos africanos foi central para a possibilidade de hegemonia burguesa na Europa, a desigualdade interna do Brasil criou as bases para o desenvolvimento sudestino, ofertando possibilidades mais amplas para a exploração.
A monocultura produtiva dos séculos de colonização estruturaram as possibilidades e impossibilidades infraestruturais e as bases culturais que sedimentaram os estereótipos presentes no século XX. O Brasil marginalizou os negros pós-escravidão, absorveu os sobrantes do exército industrial de reserva europeu e sentou em cima da desigualdade interna do país que a República Café-com-leite e sua industrialização débil constituiu na condição das pessoas fora dos ciclos aburguesados e das camadas médias.
É nesse processo que a ignorância alimenta a compreensão nacional sobre o ser nordestino, reconhecido como um todo abstrato, sem sua diversidade, disputas e contradições. O reacionarismo das elites rurais agrárias do Nordeste foi tomado como a cultura universal do povo nordestino, ao passo que se marginalizou cada vez mais a cultura popular da região.
Esse é um processo clássico que vai instrumentalizando valores e formas de vida dos sujeitos explorados enquanto perpetua os valores funcionais para as classes hegemônicas. A autoimagem viril — do “cabra macho” e da “paraíba masculina” — também reproduzida por parcelas dos/das nordestinos/as como parte de sua identidade é produto disso e é, em essência, autofágica, pois o orgulho historicamente construído pelas elites do Brasil Colônia com sua estrutura escravocrata e patriarcal é mascarada de suposta cultura identitária de rusticidade, de centralidade fálica e que referendou opressões ao longo dos tempos.
O nordestino, antes de tudo um forte, é expressão contraditória de quem precisou e precisa ser forte para continuar existindo e resistindo, a mística que vai sendo mascarada e se mascarando de uma fortaleza forjada sobre seus ombros, no seu sangue e no suor.
Fora do reducionismo popularesco e de referências caricaturais reproduzidas pelas hegemonias regionais (e ainda mais rebaixadas no âmbito nacional) há o sufocamento da riqueza cultural da classe trabalhadora nordestina, produto da resistência cotidiana frente ao processo de exploração, opressão, apropriação e dominação. O saber popular, a linguagem, os meios de solidariedade de classe, a inventividade diante da precariedade e da precarização são manifestações marginalizadas pelos setores da monocultura de valores sociais.
A forma de falar e agir dos centros urbanos e, dentro deles, dos setores exploradores, assumiram cada vez mais o protagonismo do que é correto, saudável e legalmente aceito. Não por acaso há uma linguagem, um sotaque e determinados hábitos tido como normais em detrimento da “cultura marginal” do resto do país. Capital x interior, litoral, x sertão, centro x periferia, sudeste x nordeste são reproduções de uma lógica hegemônica, irremediável e abstrata do estranhamento capital x trabalho.
O ódio ao povo nordestino e a sua forma de existir no mundo é, na verdade, o ódio ao trabalhador, sua própria desumanização, a expressão da alienação promovida de cima para baixo pela cultura burguesa, pelas raízes aristocráticas do Brasil e também promovida entre os de baixo, no não reconhecimento da diversidade e na tentativa de sobreposição ideológica frente às questões estruturais
Parte 2 – Estereótipos e discriminação contra o povo nordestino: afirmação da desigualdade, negação da diversidade
É próprio do individualismo burguês promover a concorrência, o estranhamento da própria vida e de suas capacidades, além da coisificação do outro e, ainda assim, cultivar a crença formal da possibilidade de superação individual dos seus problemas pela ascensão de classe. Os valores tradicionais das elites arcaicas, da burguesia nacional subsumida ao capital-imperialismo e das camadas médias antenadas com a lógica neoliberal consubstanciam o mundo míope que não enxerga humanidade nem em si e nem o outro.
A modernização conservadora do Brasil foi um projeto de “unidade de contrários” entre a burguesia subimperialista e as elites reacionárias buscando sufocar os setores explorados e oprimidos.
A eugenia, a “higiene social” e as teorias funcionalistas, o moralismo judáico-cristão e o autoritarismo militar caminharam por décadas buscando a “europização”, num processo à brasileira, sem realização de reformas estruturais do liberalismo romântico, mas adequando a manutenção das raízes coloniais para a economia de mercado, mantendo o patrimonialismo, o racismo e o machismo sempre no centro das possibilidade de manutenção e ampliação da exploração.
Não por acaso o preconceito regional vem sempre reproduzindo elementos de racismo e não raramente também revela a ideação das camadas médias e até de setores pauperizados de uma autoafirmação pequeno burguesa pela proximidade territorial dos setores estratégicos do sistema produtivo e das possibilidades mais amplas de acesso aos bens de consumo.
O ethos do povo trabalhador nordestino, do povo preto, das mulheres e da população lgbt da classe trabalhadora foi patologizado, moralizado, criminalizado, existindo um processo de higienização discriminatória por décadas, que se traduziu nas periferias, nos manicômios, nas penitenciárias.
Assim, a normalização, a normatização e o protagonismo sudestino vai pautando uma importância autocentrada e narcísica de suas questões enquanto produz reducionismos sobre o que é aparentemente alheio a si.
E é também por isso que o Sudeste olha no espelho e tenta, em vão, enxergar todo o país. Enquanto isso traça rascunhos e garranchos mistificando as particularidades tão diversas dos outros territórios, implicando em limites de princípios para possibilidade de um projeto de nação que propicie desenvolvimento socialmente referenciado, igualdade substantiva, autodeterminação e soberania nacional.
Por isso, vai se produzindo a lógica de protagonismo que direciona o monólogo que sufoca a diversidade brasileira e permite também não enxergar as contradições dos seus próprios processos. Nesses reducionismos as formas políticas e as oligarquias arcaicas são sempre aquelas distantes e nunca os conchavos dos poucos sobrenomes que batem bola na política paulista, fluminense e/ou mineira.
As revoltas populares dos outros lugares são sempre realizadas por famintos desesperados, sob liderança espontaneísta dos fanáticos religiosos, muito diferente da forma civilizada, moderna e urbana de reivindicar. O protesto pacífico é sempre atrapalhado pela “ralé”, pelos “bárbaros”, o não civilizado, aquele que vem de fora da cultura de cidadania macula a limpeza tão bem estabelecida pelas estruturas vigentes.
A monocultura grita. Existe a mídia nacional — leia-se sudestina — e as mídias regionais; existe a música popular brasileira — leia-se aquela abençoada pelo Sudeste — e a música regional; existe o sotaque esquisito, o sotaque “do outro” e a forma “normal” de falar. O regionalismo é sempre do outro.
O caldo cultural desse processo que se espalha por todas as classes fundamenta estereótipos conhecidos:
- O/a Nordestino/a exótico/a”: estranho, pois é tido como antagônico ao padrão de civilização, rude, viril, anacrônico, mas funcional;
- O/a “Nordestino/a batalhador/a” que possui a bravura que desculpa o resto do país da falta de acesso aos seus direitos, uma fortaleza essencial feita para carregar todo tipo de carga;
- O/a “Nordestino/a engraçado/a e prestativo/a”, aquele/a que aceita a servidão como condição e tem seu dom natural assimilado sempre com sorriso no rosto;
- O/a “Nordestino/a preguiçoso/a” com a malandragem natural e a inaptidão para as regras do “trabalho moderno”, a esperteza imoral diante do contrato social iluminista.
A deformação das representações ideologicamente estruturadas atinge as mulheres nordestinas de modo especial. Para elas essa força essencial que é atribuída vem com ideia de masculinização que, para os exploradores, as qualifica para serviços braçais, ao mesmo tempo que referenda a sobrecarga imposta entre trabalho produtivo e improdutivo no interior da classe explorada, convivendo ainda com materialização das diversas formas de violência de gênero/sexo nas relações familiares.
A resiliência da mulher nordestina não promove espaço de ascensão social. Da feminização da miséria até a reprodução das “viúvas de maridos vivos” a reprodução da força de trabalho do campo, o trabalho doméstico e a estrutura familiar centrada na esperança imputada pela busca dos migrantes, são elementos que reproduzem o heteropatriarcado de forma peculiar.
Um retrato mal desenhado da estrutura familiar que circunda a ultrarresponsabilização feminina frente a imigração dos homens para os centros urbanos caracteriza um falso matriarcado, existente apenas nos procedimentos cotidianos de administração e práticas familiares enquanto permanece à expectativa do protagonismo patriarcal.
A mulher ousada, mal educada, atrevida é a mulher inadequada, ignorante e ignorada para o padrão familiar centrado no moralismo burguês e para a convivência urbana. A misoginia se manifesta imbricada no elitismo cultural e se fantasia no machismo naturalizado. A áurea do exótico colocada sob o povo nordestino marca mulheres no não-lugar do feminino, nem homens para o centro do poder, nem delicadas e frágeis para o lugar de invisibilidade coadjuvante que o machismo mais protocolar espera.
O “nordestino caboclo” é a classificação que esconde e revela, que sufoca e aprofunda a ideia de subcategoria de trabalhadores brasileiros, invisível para os estudos dos preconceitos e opressões, mas vívidos nas formas mais concretas de expressões discriminatórias. A classe trabalhadora nordestina passa a ser diferente demais para assumir as classificações existentes nas formulações sobre desigualdade enquanto é desigual demais para não ser entendida em suas diferenças.
O não-lugar do nordestino também parte do não-lugar do pardo no país. O silenciamento das contradições na unidade exploração-opressão torna a diversidade preta do Brasil uma abstração que se soma ao apagamento da influência da cultura indígena existente cotidiano da classe trabalhadora, além da negação de sua dimensão de ancestralidade, formando uma equação de não-reconhecimento de desigualdades vividas dentro e fora do Nordeste.
Enquanto o racismo estrutural impõe a desigualdade sobre os negros no Nordeste, o (des)colorismo vai reproduzindo o falseamento de que não haveria esse fenômeno em muitas partes da região. Na realidade, muitos dos negros nordestinos estão marginalizados nos espaços, invisibilizados na ideia tortuosa da miscigenação brasileira, no mito da democracia racial, também vilipendiados pelas análises críticas sudestocêntricas ao perceber o racismo .
Os clichês retroalimentados do exótico e do arcaico caminham de mãos dadas. O Nordeste mistificado se transforma no não-lugar, no território paradisíaco onde sujeitos passarão férias, acessarão para serem servidos, podendo gozar do seu tempo livre. O Nordeste mistificado se transforma no não-lugar, um espaço inóspito, animalizado, sem lei, um deserto habitado por famintos onde se pode fazer caridade.
A política que promove o Nordeste como um setor de serviço turístico no litoral é a mesma que solidificou a indústria da seca, que naturalizou desigualdades e que reduziu possibilidades dos “sobrantes úteis”, sendo acompanhada pela hegemonia cultural que condiciona a moral e os costumes. O Brasil Oficial que amarra o que chama de Brasil Profundo é resultado da miscelânea das elites que passaram pela Colônia, pelo Império, pela República Café-com-leite, pelo Estado Novo, pela Ditadura civil-militar de 1964 e se perpetua até hoje calando a diversidade ou a reduzindo a mercadorias.
O simplismo estereotipado vai jogando o Nordeste, em sua diversidade e complexidade, em suas contradições e potencialidades, em seus mitos auto construídos e resistência coletiva, como uma abstração rasa. A discriminação regional é potencializada na conjuntura atual pela xenofobia reproduzida mundialmente e aponta dentro do capitalismo brasileiro para o “tipo ideal” de trabalhador precarizado.
Parte 3 – Nordestino/a, o capital de São Paulo: a unidade exploração-opressão como essência do preconceito
No dia 21 de janeiro de 2021 uma revista semanal de grande circulação nacional, em sua versão (ainda mais ) voltada para a classe média paulista, realizou uma capa especial destacando o protagonismo dos nordestinos na megalópole paulistana. Como não poderia deixar de ser “São Paulo: a capital do Nordeste” suscitou críticas e defesas acaloradas nas redes sociais e expressou a latência desse fenômeno e a necessidade de aprofundarmos as provocações.
Capital é a pena máxima; é a cabeça; é o centro administrativo, político, financeiro e histórico de uma unidade federativa; é riqueza acumulada e investida. Capital é um termo com muitos significados e o principal deles é aquele que nomeia a forma de sociabilidade dos últimos séculos da humanidade, onde centramos nossa capacidade coletiva de produção na exploração da maioria das pessoas para a riqueza de uma ínfima parcela de indivíduos que detém os meios de produção.
Assim, diante de tantas linhas no dicionário, é fundamental sempre desvendar que o que cria riqueza, portanto, o que cria capital, assim como o poder de uma capital, é o trabalho.
Entre as caricaturas apresentadas na capa da Veja SP, entre o foco na minoria nordestina “empreendedora” e o desfoco na maioria intensamente explorada na capital paulistana, a intensidade do debate surge num tempo histórico onde se explicita as tensões sociais de um país marcado por cisões. Vivemos uma crise marcada pela ampliação da desigualdade, pelo crescimento da explicitação do preconceito e da discriminação, inclusive contra o povo nordestino, que não raramente é percebido como a parcela de sujeitos miseráveis, preguiçosos, analfabetos políticos que atrasam o desenvolvimento do país.
No mês que a capital do estado de São Paulo fez 467 anos, presenteando o país com seu protagonismo histórico, amassando quase treze milhões de habitantes na sua imensa capacidade cosmopolita de produzir riqueza e concentrar desigualdade. Se ela não é o resumo do Brasil, é verdade que ela é o retrato do que resultou o capitalismo brasileiro.
Essa capital atravessa sua história afirmando os velhos mitos que encobrem a complexidade de sua formação e de sua manutenção, entre eles de que essa é a “cidade que carrega o Brasil nas costas” quando, na verdade, ela foi construída, em seus defeitos e qualidades, nas costas daquilo que alguns intelectuais do eixo RIO-SP gostam de chamar de Brasil Profundo.
O poderio econômico de São Paulo é lido como uma grande meritocracia histórica de sua coletividade quando nada mais é que um produto da lógica de uma burguesia dependente. Os grandes centros urbanos brasileiros crescem como mercadoria por cima da mercadoria ser humano, esta, tida como descartável, invisível, suja e, principalmente, funcional.
A cidade é construída por trabalhadores e trabalhadoras que não possuem aquilo que realizam. Alienados de suas potencialidades e impulsionados aos seus limites, quem ergue prédios e faz as calçadas têm direito à rua da amargura. A cidade não é somente concreto e asfalto, mas as pessoas, os sujeitos individuais e coletivos com suas vivências, experiências, valores, limites e possibilidades. O espaço urbano que toma seu apogeu e maturidade a partir da modernidade e sua centralidade na exploração do trabalho e circulação de mercadorias, expressa aos olhos de todos as contradições de uma sociabilidade essencialmente desigual, ao passo que também naturaliza essas desigualdades.
A cidade nos aparece como um organismo vivo e descontrolado aos indivíduos que a habitam. É como se eles vivessem nela, mas ela vivesse independente deles, os muros visíveis ou invisíveis, que demarcam a cidade dos ricos e a dos pobres. Os territórios e suas cisões por condomínios, câmeras e grandes ausências de seres humanos, mas preenchidos por seus automóveis devidamente engarrafados, um completo caos que vai cumprindo diversas funções: seja de moradia para os sujeitos explorados, de habitação das mercadorias para realização do consumo, seja os próprios códigos mercadológicos envoltos à sociabilidade dentro do grande território.
No belo (e já clássico) filme O Homem que Virou Suco (1981), o “operário modelo” e o “poeta popular” são sujeitos idênticos e estranhos, nordestinos espremidos até o bagaço pela selva de pedra que transforma corpos de pele escura, corpos femininos e corpos vindos de outras partes dos territórios do país como mercadorias baratas, descartáveis e facilmente substituíveis. Deraldo, o poeta confundido com Severino, o operário, são homens que têm a mesma cara, que têm a mesma sorte, que são reduzidos às suas condições de vida e de morte severina.
A urbanidade em São Paulo, no Rio de Janeiro ou mesmo em qualquer capital do Nordeste é tida como o anti-nordeste. É a oposição ao que é considerado atraso, ao mesmo tempo que é a naturalização das desigualdades, o aplauso às estruturas que afastam os desiguais, o apelo ao consumo, ao fetiche, ao amortecimento dos encontros, das relações e o pico das dimensões comerciais.
Mais uma vez, não por acaso, a discriminação contra o povo nordestino é a síntese do ódio de classe que consubstancia elementos do racismo estrutural, da xenofobia internacional, da cultura da burguesia brasileira e sua essência dependente e autoritária. A repulsa às pessoas trabalhadoras do Nordeste, sua cultura e sua forma de ser é a recusa do Brasil.
A produção da escassez do Nordeste é a produção da opulência para parte do Sudeste. É preciso, pois, antes de falar da Capital e do Capital, falar do trabalho e demonstrar como o preconceito regional e todo o ódio ao povo nordestino, ora direto nas piadas sobre a cultura nordestina em sua diversidade, ou na violência social cotidiana, ora travestida de condescendência pela admiração mitológica e instrumentalizada das realizações do povo do Nordeste, são elementos de um conjunto complexo de naturalização do ódio de classe, de criminalização da pobreza e de moralismo pequeno-burguês.
Parte 4 – Preconceito contra o povo nordestino, alienação e ódio de classe
Era dezembro de 2016, numa casa de veraneio no litoral paulista, um grupo de familiares e amigos paulistanos se reuniam para celebrar o natal e o réveillon. Após o êxodo das estradas lotadas, do encontro com àqueles que vinham de outros lugares e o início das tertúlias habituais de fim de ano, uma das mulheres que morava em outra região do país contava as novidades para os amigos dos parentes, entre as notícias, disse que estava namorando um cearense, que seu nome era Wescley, que conheceu no trabalho. O deboche foi imediato. Alguns olhares e risos e a pergunta nada desconhecida: “Wescley? Cearense? Meu Deus, tem ao menos segundo grau completo?”.
Alguns minutos de constrangimento, falas trocadas entre aprovações e reprovações do chiste preconceituoso, o conhecimento de que, apesar do “nome de pobre”, se tratava de um professor universitário, os aspirantes empreendedores e bem intencionados paulistanos diminuíram o ego inflado e suas falas preconceituosas.
A meritocracia da capa da revista Veja SP é uma forma de amortecimento das posições explícitas via reprodução da mesma lógica. O mérito individual do sujeito com nome, corpo, certidão de nascimento, sotaque e família impostas às condições de precariedade nos espaços de vida e trabalho têm na vitória individual uma camada de silenciamento da cultura aristocrática espalhada por todas as classes.
Fosse um Wescley analfabeto a piada não voltaria apenas para a mente e permaneceria na expressão jocosa e reveladora. O desavergonhamento do preconceito contra alguns e a contenção, pelos argumentos liberais de outros, descortina a desculpa esfarrapada do elogio das capacidades singulares frente a omissão coletiva e reprodução estrutural das desigualdades. Para essa lógica há trabalhadores dignos de respeito e outros dignos de humilhação.
Em 2019, no auge da rivalidade entre Flamengo e Grêmio nas disputas da Libertadores da América, circulou nas redes sociais uma foto de um presidiário, em uma dessas correntes virtuais conhecidas e muito repassadas sem critério.
O rapaz da foto era apresentado ironicamente como o jogador Everton Cebolinha, cearense, na época jogador do Grêmio e da seleção brasileira. A carta do “Cebolinha preso” tinha como piada o poder de, ao ser compartilhada, prendê-lo na marcação do Flamengo.
As únicas semelhanças entre o jogador e o homem da imagem eram a cor da pele e o corte de cabelo que acentuava um formato da cabeça pejorativamente imputada aos cearenses/nordestinos.
A semelhança atribuída pelos dois sujeitos veio daquilo que se construiu historicamente quando questões fisiológicas foram usadas para práticas criminalizadoras e patologizantes de negros/as e nordestinos/as, numa perspectiva higienista e elitista.
A cultura que estereotipa como perigoso, corajoso ou preguiçoso persiste no presente. Da frenologia à teoria do criminoso nato de Lombroso, chega até hoje a persistência do preconceito mascarado de même que impõe a determinados sujeitos os lugares sociais do lumpemproletariado e, para esses, o Estado Penal e policial.
A discriminação que se reproduz e chega à sujeitos que estão no não-lugar das altas taxas de aprovação nos concursos públicos nacionais ou em um artista ou atleta milionário é somente uma ínfima manifestação do incômodo gerado com os corpos e os sotaques que, para a hegemonia do capital, só existem para servir.
Eu, Wescley Pinheiro, assim como Everton Cebolinha, somos cearenses. Nossas cabeças são tidas como grandes e chatas, nossos conterrâneos carregam a imagem de bons comediantes e, de fato, somos um povo que se orgulha da gaiatice como patrimônio cultural
É público o orgulho cearense de ter vaiado o sol, nos anos 1940, em plena Praça do Ferreira em Fortaleza. A vaia rasgada, rebelde, sarcástica, reverbera o riso como resistência, mas não queremos que riam de nós, no máximo, conosco. Um outro cearense lembrou que “a felicidade é uma arma quente”, mas o orgulho cultural não permite ufanismos, dramatizações e bairrismos que suavizam antagonismos regionais, nacionais e internacionais.
No Nordeste há construções internas, desigualdades, luta de classes, reprodução e expressões da unidade exploração-opressão, mas os estudos críticos hegemônicos continuam a universalizar a lógica do eixo econômico brasileiro quando vai falar de racismo, machismo e lgbtfobia, enquanto realizam reducionismos sobre as elites nordestinas e escondem a classe trabalhadora da região e em outros estados, escondendo também as particularidades dos negros, das mulheres e dos LGBTs do Nordeste e a forma diferente de expressões das formas de desigualdade.
Para mudar a realidade em sua raiz precisamos nos conhecer como um todo e em suas diferenças. A análise da questão por uma perspectiva de totalidade precisa absorver dimensões particulares dentro de uma síntese mais ampla. A luz lançada sobre a questão da classe trabalhadora nordestina não é mais um específicismo pós-moderno, reivindicando fragmentações. É, na realidade, a necessidade de afirmar a possibilidade de protagonismo nas lutas pelos sujeitos que vivem os diversos aspectos particulares da unidade exploração-opressão sem cair no rebaixamento irracionalista e individualista da guerra entre os oprimidos, na disputa mercadológica por quem sofre mais e merece a redenção do capital.
Não é só aquilo que nos afeta na experiência imediatamente dada que pode ser tomada como aspecto de verdade e forma de resistência. O ser humano, como um ser da práxis, tem capacidade de conhecer as determinações da realidade e enfrentar questões para além daquilo que o atinge, criando consciência e identidade para a superação de uma lógica complexa de desumanização. Se não o fazemos ou se a realizamos em frações e reproduzindo a lógica individualista é porque persistimos naturalizando os interesses fenomênicos em detrimento da emancipação humana.
A classe explorada em geral tem condições, potencialidade e dever de desvendar, conhecer, reconhecer e lutar contra todas as formas de opressão, mesmo aqueles sujeitos que não sofram diretamente uma forma específica de desumanização, respeitando os protagonismo internos vigentes e buscando novas práxis para realizar o novo.
As parcelas da classe trabalhadora sudestina que expressam repulsa aos nordestinos o fazem pela reprodução alienada de sua própria coisificação. No campo imediato as expressões da questão social vão tomando o cotidiano de todos os sujeitos explorados e oprimidos.
Quando não há direção e sentido emancipatório coletivamente organizado, os indivíduos olham a pobreza, o desemprego, a violência, a falta de moradia digna, a luta diária por uma vaga no transporte público e enxergam “o outro” como empecilho.
O ser humano que não se reconhece no que faz, em como vive e no que produz, que não se reconhece naqueles que comungam da mesma condição e que não tem como se reconhecer em quem o explora repulsa as manifestações imediatas da alienação sob formas alienadas como a discriminação e o preconceito. A lógica de consolidação da desigualdade e sufocamento da diversidade é própria da sociabilidade capitalista e é ela que direciona a marginalização de tudo que representa o Nordeste.
Numa sociabilidade desumanizada os sentimentos desumanizados são a hegemonia. Numa sociabilidade de classes o ódio é essencialmente de classe. Não necessariamente ele tem teleologia, é direcionado, organizado e aponta para a essência do que produz a desumanização.
Pelo contrário, quando os processos privilegiam a naturalização é no cotidiano que o ódio se destila. O ódio ao próximo, ao outro, ao diferente e a si mesmo, a sua forma de existir no mundo, à forma do mundo existir sobre si. O ódio destilado e fermentado pelos exploradores se espalha por todos nós.
Na falta de um projeto profundo, de uma política por outra hegemonia que se enraíze na vida concreta das pessoas, na ausência de sentido e de demonstração das possibilidades de uma vida radicalmente diferente do que vivemos, o Deus Mercado prevalece com seus mitos e seus postos, desde o cotidiano, passando pela presidência da república, pelos ministérios, pelos programas de tv, pelas as músicas e pelas redes sociais.
Como nossa indignação não é direcionada para quem efetivamente produz nossa tragédia acabamos por caminhar sobre um chão movediço de um país quebrado, não economicamente, mas em pedaços de potencialidade coletiva, um todo desumano, em frangalhos, partes que sufocam sua diversidade com a monocultura do capitalismo dependente.
O brasileiro olha no espelho e odeia seu reflexo. Quer destruir a desigualdade sem saber onde ela começa, onde se estrutura, onde se amplia e onde se manifesta e, por isso, aceita quem aponta com o dedo para a imediaticidade. O desespero e a desesperança viram o combustível moralista, individualista, segregatório e elitista entre setores explorados.
O ser hegemônico burguês, que é branco, cis, hétero, adulto, europeu, judáico-cristão, defensor da razão formal-abstrata e, na particularidade brasileira, sul-sudestino, reverbera sua lógica para além de quem tem essas características e transforma diversidade em desigualdade, absorve desigualdades culturais dentro da estrutura econômica e finca a alienação como natural. Ela não é e pode ser superada. E será.
28 de janeiro de 2021, Jaguaretama, Ceará.
Adendo – Nordestinense (2018)
Onde já se viu
Assinar poesia com Wescley
Tendo um Paulo
Maia Pinheiro
Para assim o fazer
Pense num cabra
Astucioso
Que nome mais horroroso!
É W, é Y,
É puro vira-latismo?
É capacho e despacho
Do imperialismo?
É letra pra todo lado
É coisa de sertanejo ignorante
E ignorado?
Wescley, poeta?
Mas essa hora?
Mas ora essa!
A arte é uma coisa nobre
Poesia se faz com classe
Não suporta nome de pobre
Que nome mais indiscreto
Wescley, cearense?
Tem segundo grau completo?
Tem,
Mas poderia não ter
És porteiro?
Não,
Mas poderia ser
Como tantos outros
Nordestinamente
Sobrevivendo
Carregando nas costas
E no sotaque
As estrofes e as catástrofes
Da língua portuguesa
E da íngua geográfica
Luso-brasileira
Com W, com Y
Ultrajando com o árido verso
O poema límpido
Do mapa do Brasil
Rompendo cercas
Desafiando a seca
Patativamente
Vaiando o sol
Amolecando-se
Ataiando as dores
Mangando dos opressores
Sou W e Y
Sou mar e rio
Reza e cachaça
Mandacaru e jangada
Misturo nome de pai e mãe
Serra e sertão
Sanfona e alfaia
Mato minha sede
De sangue, suor e água
Não faço piada
Eu faço rir
Não derramo lágrimas
Eu faço rima
Poesia se faz com a Classe
Paulo Pinheiro, para quê?
Se mais que poeta nordestino
Quero ser nordestino-poeta
Como tantos outros
Que faz arte com a vida
E da vida a arte
De resistir
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de.Nordestino: uma invenção do falo – uma história do gênero masculino (Nordeste 1920/1940) Maceió: Edições Catavento, 2003. 256 p.
ANDRADE, João Batista de. O HOMEM Que Virou Suco (1981) (95 min). Obra audiovisual. São Paulo -SP
FERNANDES. A revolução burguesa no Brasil. 5a edição. São Paulo: Globo, 2006.
FONTES, V. O BRASIL E O CAPITAL-IMPERIALISMO: Teoria e história. 2. ed. Rio de Janeiro: EPSJV/Editora UFRJ, 2010.
GONZALEZ, L. Cultura, etnicidade e trabalho. In: __________. Primavera para as rosas negras: Lélia Gonzalez em primeira pessoa. São Paulo: Diáspora Africana, 2018
_________. Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira. In: __________. Primavera para as rosas negras: Lélia Gonzalez em primeira pessoa. São Paulo: Diáspora Africana, 2018
IANNI, O. A questão social. In A ideia de Brasil moderno. São Paulo: Brasiliense. 1996. p. 87-112.
MARINI, Ruy Mauro. A Dialética da Dependência. Editora Era, México, 1990, 10a edição (1a edição, 1973). O post-scriptum conforme: Revista Latinoamericana de Ciências Sociales, Flacso, (Santiago de Chile), n° 5, junho 1973. Tradução: Marcelo Carcanholo, Universidade Federal de Uberlândia — MG.
MOURA, Clóvis. Os quilombos e a rebelião negra. São Paulo, Editora Brasiliense. 1984
PINHEIRO, W. Nordestinense, Blog Nofiapo. 2018. Http://www.blogspot.com.br/Nofiapo. Acesso em 22/01/2021
SANTOS, Josiane Soares. “Questão social”: particularidades no Brasil. São Paulo: Cortez, 2012
VEJA SP. A nova força nordestina: os migrantes do século 21 que transformam São Paulo. Publicado em 21 jan 2021. https://vejasp.abril.com.br/cidades/capa-migrantes-nordestinos-sao-paulo/.
*Paulo Wescley Maia Pinheiro é professor da UFMT, doutorando em política social/UnB (e-mail paulowescley@gmail.com)