Por Pierre Broué via marxists.org, traduzido por Nara Castro
[Introdução Por Richard Price: Este breve artigo apareceu pela primeira vez em inglês em 1964 no Volume I do segundo número da Fourth International. Seu autor, Pierre Broué (n.1926), foi por muitos anos um seguidor da corrente lambertista na França (tendo sido membro da Organização Comunista Internacionalista, do Partido Comunista Internacionalista e, posteriormente, do Partido Operário). Historiador reconhecido internacionalmente, Pierre Broué publicou, ao longo de mais de quatro décadas, uma robusta quantidade de livros e artigos sobre a história do movimento revolucionário. Seu único livro publicado em inglês é The Revolution and the Civil War in Spain (com Émile Témime), que foi originalmente publicado na França em 1961. Outras obras ainda não traduzidas incluem The Bolshevik Party (1971), Revolution in Germany, 1917–1923 (1971), Trotsky (1988) – uma épica biografia com mais de mil páginas – e History of the Communist International (1997). Ele também foi editor de muitas coleções de escritos de Trotsky, incluindo uma versão autorizada de seus escritos pós-1928, The Chinese Question in the Communist International e Leon Trotsky, Alfred e Marguerite Rosmer: Correspondence (1929-39). Ademais, foi fundador e editor da Cahiers Léon Trotsky, uma revista dedicada à pesquisa histórica sobre Trotsky e o movimento revolucionário. Broué foi expulso do PCI em 1989, sob a justificativa de ter se dirigido a uma assembleia de direita (a respeito de Trotsky!) sem a permissão do partido. Atualmente, ele publica Le Marxisme Aujourd’hui e é membro do Partido Socialista.
O fiasco representado pela “Ação de Março” na Alemanha em 1921 foi um momento decisivo para o desenvolvimento da Internacional Comunista. A derrota gerou uma crise no Partido Comunista Alemão (KPD), que repercutiu em toda a Internacional. Sob o impacto imediato da derrota, o Terceiro Congresso da Comintern desviou-se do aventureirismo e golpismo que a “teoria da ofensiva” de Bukharin e Zinoviev havia encorajado, para adotar a política de frente única. No entanto, mesmo depois de tão contundente lição, a frente única continuou a encontrar resistência na prática por parte de diversos setores importantes da Comintern.
A Ação de Março contém lições duradouras para a esquerda que não se resumem especificamente às ações aventureiras defendidas pela maioria da liderança do KPD. De modo geral, elas ensinam que tentar conduzir os trabalhadores em uma ampla frente para ações ofensivas, sem antes ter convencido a maioria deles a participar e muito menos conquistado o apoio de suas organizações para a ação, quase sempre levará à derrota e confusão.
Em Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo, Lênin havia insistido que “… deve-se seguir sobriamente o real estado de consciência de classe e de preparação de toda a classe (não apenas de sua vanguarda comunista), de todas as massas trabalhadoras (não apenas de seus elementos que estão mais à frente)”. Muitos na esquerda hoje discordam na prática da abordagem de Lênin. Em vez disso, o método deles consiste em enumerar as traições dos líderes trabalhistas e sindicais, e contrapor a isso “aquilo que é necessário”, seja transformando em fetiche a convocação de uma greve geral ou fazendo da apresentação de candidaturas em eleições um princípio. Os grupos filiados à Aliança Socialista podem não ter muito em comum. Mas eles compartilham uma crença de que a tarefa central no momento é organizar “a esquerda da esquerda”, independentemente de haver um grau de radicalização significativo em amplos setores da classe trabalhadora.]
Março de 1921.
A atmosfera é de guerra civil. Bandos nacionalistas armados provocam trabalhadores que enfrentam crise e desemprego. No centro da Alemanha estouram greves aguerridas; os mineiros têm combates sangrentos com a polícia. Em 16 de março, Horsing, o chefe da segurança social-democrata, anuncia que a polícia ocupará o distrito mineiro de Mansfeld. O objetivo: restaurar a calma, desarmar os trabalhadores.
A polícia foi recebida com disparos. No dia 18, a Rote Fahne (Bandeira Vermelha), órgão do Partido Comunista Alemão, apelou à resistência: “Todo trabalhador deve desafiar a lei e pegar em armas onde puder encontrá-las.” No dia 19, mil policiais ocuparam o distrito: a greve se espalhara para todos os comércios na região afetada. Os trabalhadores se protegiam com barricadas em suas fábricas; no dia 23 houve combates em todo o distrito. No dia 24, o Comitê Central do Partido Comunista Alemão convocou uma greve geral. A convocação não foi atendida. Por toda parte, estouraram disputas entre os trabalhadores: os grevistas, pouco numerosos, enfrentavam os “fura-greve” que continuavam sendo maioria, os Social-Democratas e os sindicatos denunciavam com indignação a tentativa de “levante” dos comunistas…
Aqui e ali, comunistas organizaram falsos ataques contra si mesmos para provocar a indignação das massas e trazê-las para a luta. No centro do país as fábricas foram cercadas, bombardeadas e se renderam uma após a outra: a fábrica Leuna, última a fazê-lo, capitulou no dia 29.
No dia 31 o PC rescindiu a ordem de greve. Mais uma vez na ilegalidade, passaria por uma crise sem precedentes: vários de seus líderes, incluindo Paul Levi, denunciaram sua política aventureira e foram expulsos. Pouco tempo depois, o Terceiro Congresso Mundial da Internacional Comunista deu seu veredicto sobre a ‘Ação de Março’, na qual viu um ‘passo adiante’ ao mesmo tempo em que condenou a teoria da ‘ofensiva a todo custo’ que seus apoiadores haviam proposto. O partido alemão perdeu cem mil membros, entre os quais muitos quadros sindicais, que se recusaram a segui-lo, condenaram as suas ações ou sentiam-se oprimidos pela publicação, na imprensa burguesa e socialista, de documentos que incriminavam seus dirigentes.
Demorou algum tempo para que se compreendesse que a Ação de Março encerrou o período revolucionário do pós-guerra, tendo sido a última das ações armadas do proletariado, iniciadas com as lutas de Berlim em janeiro de 1919. Ainda resta mensurar a contribuição desses acontecimentos para o fracasso dos comunistas alemães em construir um partido revolucionário de massas, um partido comunista do tipo bolchevique.
A construção do partido
Os Bolcheviques pensavam que sua revolução só poderia ser a pioneira: os problemas levantados na Rússia só poderiam ser resolvidos em escala mundial e, enquanto isso, o campo de batalha decisivo era a Alemanha, onde a burguesia, após novembro de 1918, devia sua sobrevivência a aliança entre o corpo de oficiais e os aparatos dos Social-Democratas e dos sindicalistas contra os Conselhos Operários. Os assassinos empregados pelo socialista Noske venceram a primeira batalha: ao assassinar os dirigentes revolucionários Liebknecht e Rosa Luxemburgo, célebres fundadores do comunismo alemão, decapitaram o jovem partido que estava nascendo.
Além disso, a vanguarda estava profundamente dividida. Anos de oportunismo alimentaram uma violenta reação anti-centralizadora por parte da classe trabalhadora alemã; os anos de guerra instigaram impaciência e ousadia nas gerações mais jovens. Contra a liderança em torno de Paul Levi, uma forte minoria esquerdista clamava pelo boicote às eleições, condenava o trabalho nos sindicatos e desejava reter da experiência russa apenas a lição da insurreição, que seria possível a qualquer momento, já que os trabalhadores estavam armados e a burguesia os estava provocando. Lênin, que polemizou contra eles em “Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo”, ainda assim desejava mantê-los no partido, mas Levi tomou medidas para expulsar os esquerdistas.
Apesar das dificuldades, as novas perspectivas pareceram confirmar seu ponto de vista. Os Social-Democratas Independentes [USPD], nascidos da cisão do Partido Social-Democrata durante a guerra, tinham recrutado centenas de milhares de trabalhadores instintivamente revolucionários que Levi esperava atrair em bloco para o comunismo. Seus dirigentes colaboraram para o esmagamento dos Conselhos em 1918, mas as dificuldades da classe operária na Alemanha do pós-guerra, o prestígio da Revolução Russa e a ação tenaz da Internacional os radicalizaram e conquistaram gradativamente para o comunismo. Em setembro de 1920, em seu Congresso em Halle, a maioria dos Independentes decidiu solicitar filiação à Internacional Comunista e aceitar suas 21 condições. Em dezembro nasceu o Partido Comunista Unificado que contava com mais de meio milhão de membros, uma vanguarda solidamente organizada com forte presença nos grandes sindicatos, controle sobre os sindicatos locais em várias cidades industriais, 40 jornais diários e diversas revistas e periódicos especializados, uma organização militar de resistência e recursos financeiros consideráveis. Era o instrumento que faltava até então para levar a revolução proletária na Alemanha a uma conclusão vitoriosa, pensavam todos os comunistas.
A conquista da maioria do proletariado
O II Congresso da Internacional Comunista, em 1920, havia assumido a tarefa de construção de tais partidos, com a perspectiva de uma precoce conquista do poder em diversos países. Ao sintetizar esse trabalho, Zinoviev, presidente da Internacional, declarou: “Estou profundamente convencido de que o Segundo Congresso da Comintern é o prelúdio de outro congresso, o congresso mundial das repúblicas soviéticas”. E Trotsky explicou por que os comunistas desejavam ver uma cisão no movimento operário: “Não há dúvida de que o proletariado estaria no poder em todos os países se não houvesse entre os partidos comunistas e as massas, entre as massas revolucionárias e a vanguarda revolucionária, uma poderosa e complexa máquina, os partidos da Segunda Internacional e os sindicatos que, na época da desintegração e da morte da burguesia, colocaram sua máquina a serviço. A partir deste Congresso, a divisão na classe trabalhadora mundial deve ser acelerada em dez vezes.”
Em Halle, Zinoviev apontou o significado da cisão: “Trabalhamos pela cisão, não porque queremos apenas 18 em vez de 21 Condições, mas porque não concordamos sobre a questão da revolução mundial, sobre a democracia e a ditadura do proletariado”. Para os comunistas, a cisão não era simplesmente um estado de coisas destinado a durar algum tempo, mas uma necessidade imediata para eliminar definitivamente do movimento operário os dirigentes reformistas que atuavam como ‘agentes da burguesia’. Era o prefácio para a reconstituição da unidade a partir de um programa revolucionário, uma condição para a vitória na luta pelo poder.
Uma vez que a cisão foi realizada, ainda havia a questão de arrancar dos chefes reformistas os milhões de proletários que compunham seu séquito. Lênin, mais do que ninguém, procurou ganhar apoio nos Partidos Comunistas para a compreensão da necessidade de uma política de Frente Única; mais tarde, Zinoviev diria que tal política era “a expressão da consciência de que (i) ainda não conquistamos a maioria da classe trabalhadora; (ii) a social-democracia ainda é muito forte; (iii) ocupamos posições defensivas e o inimigo está na ofensiva; (iv) as batalhas decisivas ainda não estão na ordem do dia”.
Foi a partir de análises como esta que, no início de 1921, os líderes do Partido Comunista Alemão endereçaram uma “carta aberta” aos sindicatos e partidos dos trabalhadores, propondo uma ação comum com base em um programa imediato de defesa dos padrões de vida. A carta, que Lenin descreveu como uma “iniciativa política modelo”, começou com o reconhecimento de que mais de dez milhões de trabalhadores ainda seguiam os líderes social-democratas e os dirigentes sindicais e obedeciam às suas ordens. “A estratégia comunista”, escreveu Radek, “deve ser convencer essas grandes massas de trabalhadores de que a burocracia sindical e o Partido Social-Democrata não só não querem lutar pela ditadura do proletariado, mas também não querem lutar pelos interesses mais fundamentais do dia-a-dia da classe trabalhadora”.
No entanto, o II Congresso fixou como primeiro objetivo a construção de partidos capazes de liderar a luta das massas pelo poder: para Zinoviev e uma parte de seu grupo, na sede da Internacional, a ideia da ‘conquista das massas’ dissociada da marcha para o poder era uma concepção oportunista. Eles enxergavam a ‘carta aberta’ como um instrumento de desmobilização.
Ativismo destrutivo
Alinhando-se à Zinoviev após ter sido um dos autores da ‘carta aberta’, Karl Radek então escreveu ao PC alemão que era necessário romper com a atitude de esperar para ver que o partido adotara enquanto ainda era uma facção e se conscientizar de que, agora que era um partido de massas, havia se tornado um fator real na luta de classes. Era necessário, escreveu ele, “ativar nossa política a fim de atrair novo apoio das massas”. Por sua vez, Rakosi, emissário da Internacional no Congresso do Partido Socialista Italiano em Livorno, adotou a mesma posição ativista e sentiu-se satisfeito com a cisão talvez inevitável, mas catastrófica, que posicionou a esmagadora maioria dos trabalhadores revolucionários atrás dos líderes centristas do Partido Socialista e reduziu o recém fundado Partido Comunista Italiano ao status de uma facção. Em oposição a Levi, que defendia que não tinham o direito de se dividir quando o movimento estava em retirada, ele alardeou perante o Comitê Central do PC alemão a necessidade e a virtude das cisões, argumentando a partir da concepção de que um “partido demasiadamente grande se tornaria mais forte ao purgar a si mesmo”.
Outro colaborador de Zinoviev, um compatriota de Rakosi, Bela Kun, carregava a responsabilidade, como emissário da Internacional, por ter lançado o PC alemão na ‘Ação de Março’. Teria ele, como se supõe, seguido as sugestões de Zinoviev, que estava assustado com as dificuldades internas da Rússia na época da revolta de Kronstadt? Teria ele tentado “forçar” uma crise revolucionária na Alemanha para evitar que os comunistas russos tivessem que recuar na Nova Política Econômica? Com a documentação disponível no presente momento, não há como traçar uma resposta definitiva. O que é certo é que Kun colocou seu prestígio como representante da Comintern por trás de uma teoria da ofensiva, que seria usada para justificar a posição do PC em março e terminaria em desastre.
É igualmente inquestionável que a estrutura centralizada da Internacional – a prática duvidosa, introduzida por Zinoviev, de agentes da Comintern que não eram responsáveis perante os partidos que supervisionavam – levantou um problema de organização que seria apontado por Lênin no Quarto Congresso, mas nunca realmente abordado.
Considerações de Lênin sobre o partido e a Ação de Março
Sabe-se hoje, por outro lado, que Lênin e Trotsky tiveram que travar uma luta política enérgica na liderança do Partido Comunista Russo e da Internacional Comunista contra os partidários da ofensiva, à frente dos quais estava Zinoviev, antes de impor seu ponto de vista no Terceiro Congresso Mundial. Coube a Trotsky a tarefa de mostrar que a situação internacional havia se modificado desde 1919, que a tomada do poder não estava mais na ordem do dia, mas que os Partidos Comunistas deveriam se voltar para a conquista das massas: uma condição para a luta pelo poder na próxima fase do avanço revolucionário.
A Lênin coube denunciar, ‘estrangular’, a teoria da ofensiva, ridicularizando os argumentos pueris de seus defensores – os ‘kuneries’ de [Bela] Kun, como ele os chamava – bem como a arrogância do italiano Terracini, que se aproveitou do exemplo bolchevique como desculpa para justificar a pequena dimensão de seu próprio partido.
Lênin uniu-se a Levi na denúncia da Ação de Março. Ele teve o cuidado, ao dar aprovação a alguém que havia quebrado a disciplina partidária, para não irritar aqueles que, através da disciplina e em boa fé, haviam seguido slogans absurdos. Ele transmitiu seus pensamentos a Clara Zetkin, que, muito felizmente, pôde recontá-los mais tarde. Lênin acreditava que a crítica de Levi era justificada. Infelizmente, porém, ele a fizera “de maneira unilateral, exagerada e até maliciosa”, de forma que “faltou um senso de solidariedade com o partido”. Em suma, “ele perdeu a cabeça” e, assim, deixou de evidenciar os verdadeiros problemas para o partido, que se voltou contra ele. Por isso ele teve que ser condenado pelo Congresso. Mas Lênin acrescentou: “Nós não devemos perder Levi, tanto por nós como pela causa. Não podemos nos dar ao luxo de perder homens talentosos, devemos fazer o que for possível para manter aqueles que temos”. Lênin declarou-se disposto a defender pessoalmente a readmissão de Levi após três ou quatro meses se esse “se comportasse” (por exemplo, trabalhando para o partido sob um nome falso). “O importante” disse ele “é deixar aberto o caminho de volta para nós”
Em conversa com Clara Zetkin sobre dois trabalhadores, Melzahn e Neumann – partidários de Levi e delegados no Congresso Mundial que, em razão dos cargos que ocupavam nos sindicatos, foram censurados por provocadores enquanto respondiam atacando ‘intelectuais demasiadamente preocupados com ninharias’ – Lênin disse: ‘Eles são maravilhosos… Não sei se eles entrarão para tropas de choque, mas há uma coisa da qual estou certo: são pessoas como essas que constituem as longas colunas com fileiras sólidas de proletariado revolucionário. É da sua força inquebrantável que tudo depende nas fábricas e nos sindicatos: estes são os elementos que devem ser recrutados e conduzidos à ação, é através deles que entramos em contato com as massas”. E referindo-se aos líderes Independentes que chegaram ao comunismo em 1920, acrescentou: “Com eles também é necessário ter paciência e não se deve pensar que a ‘pureza do comunismo’ está em perigo se às vezes acontece de eles ainda não conseguirem encontrar uma expressão clara e precisa do pensamento comunista”.
Por meio dessas palavras informais de Lênin a militante alemã, pode-se perceber a preocupação constante do líder revolucionário com seu partido. Lênin compreendeu que uma liderança não se constrói em poucos dias por meio de decisões burocráticas, mas se desenvolve e se fortalece com anos de esforço paciente. Era vital não “fechar as portas” por meio de atitudes puramente negativas para com camaradas equivocados, e sim ajudá-los, desenvolvendo um profundo senso de solidariedade no interior do partido, de forma a permitir que eles se orientassem. O partido da vanguarda operária teve que reunir diferentes gerações, camaradas com experiências variadas: os jovens, os impacientes, os ‘esquerdistas’ juntamente com os membros mais velhos, mais sólidos e prudentes, muitas vezes ‘oportunistas’. Os intelectuais tinham de trabalhar em estreita cooperação com os homens práticos dos sindicatos. Os contatos do partido precisavam ser consolidados, assim como sua compreensão, consciência e os meios de ação precisavam ser fortalecidos pelas qualidades trazidas por pessoas de origens muito diferentes, mas próximas: sindicalistas, socialistas, anarquistas – que buscavam um objetivo comum por caminhos diferentes, como o próprio proletariado. Todos esses homens tiveram de ser conclamados a integrar uma luta comum, através de um esforço constante para construir o partido, elevar o nível de sua consciência e, por meio da luta, elevar o nível de consciência das massas. “Aprender, aprender, aprender! Agitar, agitar, agitar! Estar preparados, preparados ao máximo para usar a próxima onda revolucionária com toda a nossa energia consciente”.
Essas são as verdadeiras lições da Ação de Março. Assim, como Lênin enfatizou em uma carta de 14 de agosto de 1921 aos militantes alemães, os revolucionários devem aprender “a identificar corretamente os momentos em que as massas do proletariado não podem se insurgir com eles”. Dez anos mais tarde, em face das hordas nazistas, não haveria um partido revolucionário na Alemanha, mas um partido stalinista e um partido social-democrata que compartilhavam igualmente a responsabilidade pelo desastre de 1933. A responsabilidade daqueles que foram incapazes de construir o partido que era necessário na Alemanha não é menos esmagadora. Depois deles, porém, já não é possível subestimar as dificuldades da tarefa e acreditar que basta ‘proclamar’ ideias para vencer, sem o comprometimento com o árduo labor de construção do instrumento histórico para a vitória.