Defender a linha independente

Por Victotio Codovilla, via Nuestra America, traduzido por Teylor Lourival

Trecho extraído e retirado de ‘vigencia y proteccion’, Obras Escolhidas de Victorio Codovilla.

Camaradas:

Dizemos que um dos objetivos deste Comitê Central é reestabelecer com plenitude a linha independente do partido, e podemos afirmar que este objetivo conseguimos alcançar. Mas não podemos nos esquecer, nem por um instante, que a luta em defesa da linha do partido é permanente, tanto no que se refere à luta por sua aplicação no seio da classe operária e do povo, como no que concerne a sua defesa no interior do partido, contra as ideologias inimigas que penetram constantemente em nossas fileiras, de modo aberto ou velado.

A história do glorioso Partido Comunista da União Soviética assim nos ensina.

Nosso partido está rodeado pelo meio em que atua e este meio nos pressiona constantemente. A realização de nossa tarefa de conquistar para uma política unitária as massas influenciadas pelo peronismo e pela oposição, com a finalidade de defender com êxito seus interesses econômico-sociais e a democracia, a independência nacional e a paz, é uma tarefa difícil e cheia de perseguições, que vão desde a repressão até a bajulação de nossos militantes, com a finalidade de desviá-los do caminho revolucionário.

Certos setores da oposição se aproveitam de nossas dificuldades para nos ligar às massas peronistas, para nos desviar do contato com as massas e para fazer penetrar em nossas fileiras ideias aventureiras sobre a necessidade de produzir mudanças violentas na situação do país, ou ideias de passividade, castradoras, como dizer que no momento atual não há nada para ser feito.

Certos setores do peronismo tratam, por sua vez, de desviar nosso partido da aplicação consequente de sua linha revolucionária independente, com falsas teorias, como a de que o governo peronista está realizando a revolução agrária e anti-imperialista e que, por conseguinte, nosso partido deve apoiar o peronismo e reduzir sua atividade à propaganda das “ideias comunistas” até que mude a situação e chegue a “vez” dos comunistas. Daí partem as ideias de que esta é a “hora o peronismo” e que logo virá a hora do comunismo.

Algumas pressões tendem a paralisar a atividade do partido justamente no momento em que crescem a combatividade a consciência política das massas, a impedir que desempenhe seu papel de orientador e dirigente da classe operária e do povo, de organizador da Frente Nacional Democrática (anti-oligárquica, anti-imperialista e pró-paz) como base de sustentação de um governo democrático-popular que defenda consequentemente os interesses de toda a população trabalhadora, a democracia, a independência nacional e a paz, com vistas à realização da revolução agrária e anti-imperialista.

Em sua luta pela defesa da linha marxista-leninista, nosso partido teve que eliminar de seu seio muitos capitulacionistas e traidores da causa proletária, e muitos deles se incorporaram aos partidos burgueses, no Partido Peronista, em instituições oficiais e no aparato do Estado, e, utilizando os meios que os círculos dominantes põem a sua disposição, aproveitam de cada debilidade ou erro cometido por nosso partido na aplicação de sua justa linha para demonstrar que “eles tinham razão” e, deste modo, tratam de desorientar e ganhar alguns de nossos filiados atrasados politicamente para sua política traidora.

Esta atividade de nossos inimigos foi facilitada, em partes pelo fato de que, apesar de nosso partido publicar um número considerável de materiais teóricos e políticos, o estudo dos mesmos se faz de modo esporádico.

Por outro lado, os métodos de organização empregados, de correr e fazer correr, determinaram o excesso de trabalho praticista dos filiados e simpatizantes do partido, e isso lhes retirou a possibilidade de estudar sistematicamente e de elevar seu nível teórico e político, abrindo assim terreno para a infiltração das ideias inimigas.

Se a isto se agrega o hábito insuficiente de trabalhar tendo sempre em mente a linha do partido, o hábito de trabalhar sob impulsos e visando o imediato, teremos a explicação de porquê alguns “teóricos” conseguiram introduzir durante certo tempo seu contrabando político nas fileiras partidárias, sem encontrar séria resistência.

Eis aqui porque temos que penetrar mais profundamente em nossas fileiras a ideia de que a linha é a bússola pela qual o partido se orienta em sua atividade e que se deixa-se de lado essa bússola, se está entregue à própria sorte, o barco pode vir a se chocar com as pedras que encontre em seu caminho.

Por conseguinte, creio que é preciso levar em conta as seguintes ideias e diretrizes:

Não esquecer, nem por um momento, que somente a classe operária em aliança com as massas camponesas unida com todo o povo, sob a direção do Partido Comunista, pode tomar em suas mãos “a bandeira das liberdades democrático-burguesas” e “a bandeira da liberdade e da independência nacional”, em função de defender suas reivindicações econômico-sociais e contribuir com a manutenção da paz mundial.

Não esquecer que o partido deve ter sempre clara a perspectiva quanto ao curso dos acontecimentos nacionais e internacionais, e do papel que lhe corresponde desempenhar frente aos mesmos, e que por conseguinte não deve ceder a pressões externas, venham elas do campo da oposição sistemática ou do campo do peronismo, na aplicação de sua linha política independente.

Não esquecer que o partido nunca deve, por razões táticas ou em busca de resultados fáceis, apresentar-se como uma força auxiliar de outros partidos, mas sim como um partido independente, um partido que tem e propõe soluções nacionais a todos os problemas e que por isso é o central, a força decisiva sem a qual não é possível a solução de nenhum problema profundo em benefício da classe operária, do povo e da Nação.

Não esquecer que mesmo o partido estando disposto a participar em pé de igualdade em qualquer coalizão de forças para a defesa desta ou daquela reivindicação de interesse comum, nunca deve deixar de criticar ou rebater os argumentos políticos e as formulações teóricas dos aliados, atuais ou potenciais, e demonstrar às massas trabalhadoras através de fatos vivos, concretos, de caráter nacional e internacional, que sua salvação e a do país está na unidade operário-popular, na unidade nacional, com vistas a dar soluções aos problemas da revolução agrária e anti-imperialista.

Não esquecer que, ao mesmo tempo que o partido deve realizar sua política independente, deve dispender esforços audaciosos para impulsionar as forças democráticas e progressistas de um ou outro campo, do peronismo à oposição, à unidade de ação, utilizando com esse fim as contradições existentes ou que se desenvolvam neste ou naquele campo em benefício da linha unitária do partido.

Não esquecer que depois da tomada do poder pelo general Eisenhower, os trustes e monopólios imperialistas yanquis impulsionaram ainda mais, em busca do lucro máximo, a política espoliadora e avassaladora iniciada anteriormente pelo governo Truman contra os países da América Latina e que, por conseguinte, vão se acentuar as contradições entre a burguesia nacional e os círculos governantes de todos estes países e, por conseguinte, do nosso, contra o imperialismo yanqui e sua política de guerra, e romper o cerco imperialista e recuperar a independência nacional, o que cria as condições favoráveis para a formação de um amplo movimento de unidade nacional.

Continuar a luta contra as concepções oportunistas e liquidacionistas que circulam no seio do partido, e restabelecer em toda sua plenitude a linha independente do partido. Lutar sistematicamente contra todos os que tratam de introduzir no seio do partido uma linha distinta ou contrária à adotada pelos organismos dirigentes.

Continuar a luta em dois sentidos: contra o sectarismo e contra o oportunismo, posto que estes desvios da linha revolucionária do partido reconhecem a mesma causa: a subestimação do crescimento da capacidade combativa e da elevação da consciência política dos setores operários e populares, tanto dos influenciados pelo peronismo quanto pela oposição. Um ou outro desvio tem sua origem na falta de confiança na luta das massas pela defesa de seus interesses econômico-sociais imediatos, e pela democracia, a independência nacional e a paz.

O sectarismo leva a considerar que a luta só pode se organizar com setores reduzidos e esclarecidos politicamente da classe operária e do povo, e, por conseguinte, menospreza as massas peronistas por não terem se desprendido ainda da influência de seu chefe.

O oportunismo leva a considerar que o movimento peronista em seu conjunto é um movimento anti-oligárquico e anti-imperialista, e que por conseguinte o partido deve apoiá-lo e prestar homenagens aos seus preconceitos, sem criticar seus dirigentes, com a finalidade de não se afastar destas massas.

A luta contra os dois desvios é tão mais necessária por conta da experiência que demonstra que o sectarismo engendra o oportunismo e vice-versa.

Superar as debilidade políticas e organizativas do partido, observadas no transcurso da recente discussão, utilizando mais decididamente que nunca a arma da crítica e da autocrítica, sã e construtiva, de baixo para cima; lutar com valentia e audácia contra os defeitos e as insuficiências orgânicas e políticas na atividade do partido, e ao mesmo tempo, extremar a vigilância com a finalidade de evitar que através de uma crítica incontrolada seja introduzido no seio do partido o contrabando ideológico e político e este seja paralisado em sua ação; é preciso defender e aplicar constantemente a linha política e tática estabelecida pelos órgãos dirigentes correspondentes do partido, e estreitar mais que nunca as fileiras partidárias e em torno do Comitê Central do partido.

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