Por Gerardo Flores Peña, via Figure/Ground, traduzido por Daniel Alves Teixeira
Catherine Malabou é professora de filosofia na European Graduate School / EGS e professora de filosofia europeia moderna no Centro de Pesquisa em Filosofia Europeia Moderna (CRMEP) da Kingston University, Londres. Ela é conhecida por seu trabalho sobre a plasticidade, um conceito que ela escolheu da Fenomenologia do Espírito de Hegel, e que se provou fértil dentro dos discursos econômicos, políticos e sociais contemporâneos. Considerada como uma das figuras mais excitantes no que foi chamado de “A Nova Filosofia Francesa”, a pesquisa e a escrita de Malabou cobre uma série de figuras e questões, incluindo o trabalho de Hegel, Freud, Heidegger e Derrida; a relação entre filosofia, neurociência e psicanálise; e conceitos de essência e diferença dentro do feminismo. Ela é autora de livros importantes como Plasticity at the Dusk of Writing: Dialectic, Destruction, Deconstruction (2009), Change differences (2011) e mais recentemente Before tomorrow: epigenesis and rationality (2017).
Gerardo Flores Peña: O que atraiu você para a academia e como a filosofia mudou sua visão do mundo?
Catherine Malabou: Esta é uma questão interessante e importante na medida em que a filosofia por um lado, a academia, por outro lado, foram durante muito tempo entidades conflituosas para mim. Quando descobri a filosofia pela primeira vez, eu tinha dezoito anos. A filosofia é obrigatória no ensino médio na França. Mesmo que eu não tivesse nenhum domínio sobre os problemas filosóficos da época, imediatamente me pareceu que a filosofia era uma disciplina emancipatória. Em primeiro lugar politicamente, como uma forma de desafiar a autoridade em geral. Então intelectualmente também, é claro, como uma disciplina para a mente e uma boa ortopedia. Não no sentido foucaultiano, mas no sentido pedagógico. Então, quando eu fui para a universidade em Paris dois anos depois, descobri que o “ortopedista” devia ser tomado no sentido foucaultiano! O ensino, as normas para a escrita, o conteúdo das aulas, a ausência de toda vitalidade, me atingiram como uma forma de prisão intelectual. Para não falar sobre a hierarquia. Durante muito tempo, sofri da minha muito óbvia espontaneidade, a maneira como esquecia sistematicamente de dizer “Professor” antes de falar, minha falta de deferência, etc. Eu nunca soube ser uma enganadora. Isso afetou minha carreira por muito tempo. Meu sentimento de ser estranha na academia era o mesmo como uma aluna e como professora. Eu então tive que entrar na academia, porque o que mais você pode fazer quando é filósofo? Eu no entanto amo ensinar. Ensinar sempre me salvou. Mas eu não gosto do poder institucional. Eu não sou uma mulher do poder. Me levou anos e anos para encontrar uma maneira de harmonizar meu status como uma acadêmica e minha essência como uma livre pensadora. Agora, aos quase sessenta, estou bem!
Para responder a segunda parte da sua pergunta, a filosofia não alterou minha visão do mundo, ela o abriu para mim, e isso me deu visão do mundo! Antes de fazer a filosofia, eu não tinha nenhuma visão do mundo. Minha vida era uma espécie de mistura caleidoscópica de diferentes interesses, desejos, afetos, sem unidade e sem estrutura. Se eu estou tão interessado em plasticidade, é porque a filosofia foi para mim a primeiríssima operação plástica, que moldou ambos meu espírito e meu mundo.
Gerardo Flores Peña: Quais foram alguns de seus mentores durante sua formação acadêmica? O que você aprendeu com eles?
Catherine Malabou: De minha professora do ensino médio, cujo nome era Monique Nigues, eu aprendi como ampliar meu escopo, como transformar a pequena e terrível cidade provincial em que eu morava com meus pais (Limoges, no centro da França) em geografias imaginárias, tanto no sentido literal (a filosofia me deu o desejo de viajar), como metafórico (explorar a geografia intelectual lendo os próprios filósofos). Eu então fui a Paris, onde tive um professor muito bom (Pierre Jacerme) no Lycée Henri IV, antes de ir para a Sorbonne. Ele me introduziu a Hegel e Heidegger. Mas é claro, o encontro principal da minha vida filosófica, o mais importante, foi o meu encontro com Jacques Derrida em 1986. Seria longo e complicado dizer-lhe o que aprendi com ele! Para citar algumas poucas coisas: audácia, entendendo o porquê eu odiava a instituição, o rigor, a descentração da minha “francidade”, abrindo para a vida intelectual americana, entrando no College International de Philosophie, alimentando minha constante admiração com conversas, conferências, livros que eu achava e ainda acho incrivelmente produtivos e singulares. Ele se tornou meu supervisor, escrevi minha tese The Future of Hegel sob sua direção. É um dos presentes mais bonitos da vida! Então eu achei que estava pronta para eu mesma me tornar uma professora! Nunca conheci ninguém que eu admirei esse tanto depois dele e nunca o farei.
Gerardo Flores Peña: Seus primeiros trabalhos, sobre o pensamento de Hegel e sua relação com a filosofia contemporânea, especialmente no que se refere à sua relação com a neurociência, formam esse diálogo em que você propôs seu conceito de plasticidade. Qual é o alcance desse conceito na ontologia e política contemporânea e como ela pode apresentar novos caminhos para problemas clássicos concernentes à relação entre a forma e a matéria, a essência e a existência, e o ser e a entidade?
Catherine Malabou: Hegel foi o primeiro pensador a conferir à plasticidade o valor de um conceito filosófico. Antes dele, Goethe tinha cunhado o termo plasticidade, mas usou-o apenas no sentido estético (escultura) ou no sentido pedagógico (formação da criança, embora educação e hábito). Em Hegel, a plasticidade tornou-se primeiro o modo de ser do sujeito em relação à temporalidade; segundo, o modo de ser da própria realidade enquanto forma um sistema. Se sintetizamos os dois, encontramos que a plasticidade significa o trabalho do tempo através do sistema, a maneira pela qual um sistema pode se transformar de dentro sem se dissolver. É a transformabilidade imanente de uma totalidade fechada.
Surpreendeu-me, é claro, descobrir que isso estava também precisamente caracterizando a plasticidade neural! Hegel tinha antecipado esse modo de organização, que é o funcionamento de um sistema de redes intercorrelatas que constantemente modificam sua intensidade, tamanho e volume sem serem destruídas. Após o meu PhD, comecei a ler muitos livros sobre o cérebro, e fiquei cada vez mais certa sobre o paralelo entre a plasticidade filosófica e neurológica.
A relação entre plasticidade e política tornou-se óbvia quando descobri que o modelo neural estava se tornando dominante na literatura gerencial. O conceito de flexibilidade está no centro deste modelo. Estudar a diferença entre flexibilidade e plasticidade levou-me a elaborar um conceito de resistência proveniente da física dos materiais. Ser plástico não significa que você possa ser curvado em todas as direções e aceitar tudo. Existem limiares de resistência. Tudo isso eu elaborei no meu livro O que devemos fazer com nossos cérebros?.
No que diz respeito ao significado ontológico da plasticidade, desenvolvi-os em três direções: a mutabilidade do ser no meu livro sobre Heidegger (The Heidegger Change), a ontologia do acidente (como o acidente pode criar uma vida) e a abertura de um novo conceito de essência, um conceito não essencialista de essência (Changing Differences). Agora pretendo escrever um livro sobre anarquia e plasticidade, mas estou no início desta nova aventura …
Gerardo Flores Peña: Você também é conhecida por suas contribuições sobre a teoria feminista, quais você acha que são os problemas atuais da teoria feminista? E o que o feminismo pode ensinar à filosofia em geral?
Catherine Malabou: Eu tenho apenas um livro sobre feminismo, ainda penso que ele é correto, mas precisaria de alguma atualização. Neste livro, meu argumento era que a feminilidade havia sido negada às mulheres por ambos homens e feministas radicais. Pensar que existe algo como a feminilidade seria “essencialista”. Tentei me opor a essa visão, mostrando que a feminilidade é o que parece, fenomenologicamente, por assim dizer, toda vez que uma mulher é assaltada, espancada, despedida ou discriminada. Eu disse o que Sartre diz sobre o judeu: é o anti-semita que faz o judeu, também é válido para as mulheres. A violência contra as mulheres faz feminilidade. Hoje, eu me oriento mais para a biologia e a epigenética em particular. Existe um debate muito urgente e sensível na biologia molecular hoje, para decidir se a epigenética permite a plasticidade dos gêneros ou, pelo contrário, se ela restringi o conjunto. Os debates contemporâneos sobre gêneros e transgêneros na maioria das vezes não levam a biologia em consideração, apenas fatos culturais. Um gênero não é inteiramente construído socialmente. Gostaria de explorar isso mais em profundidade. Mais uma vez, seria uma questão de desconstruir o conceito esmagador e avassalador de biopoder, que está mais desfocando do que limpando as coisas.
Gerardo Flores Peña: Você se define como uma materialista, tanto no sentido ontológico como político, mas nos dias de hoje o significado do materialismo é bastante vago ou, pelo menos, polissêmico, você poderia descrever algumas das características do seu materialismo, e como ele se relaciona com as discussões contemporâneas sobre materialismo?
Catherine Malabou: Não é mais vago hoje do que antes. O materialismo sempre teve que se justificar por um excedente de definição, porque seus inimigos sempre o chamavam de difuso ou indeterminado. Esta é a velha querela entre idealistas e materialistas. Nesse ponto, o texto curto de Althusser Responta a John Lewis vale a leitura. Althusser afirma em uma nota de rodapé que o conflito idealismo/materialismo define a “luta de classes na teoria”. O materialismo é a tendência teórica proletária. Você quer saber o que o materialismo é hoje? Então vá para hospitais, laboratórios de pesquisa, médicos, cibernéticos e físicos. Informe-se sobre novos materiais, novas próteses, novos dispositivos e novas técnicas de cirurgia do cérebro. Então tente traçar algumas conclusões sobre o futuro dessas materialidades, mostrando que elas estão definindo o que os seres vivos são, e não o contrário. Então você irá saber o que o materialismo é. Os realistas especulativos tendem a subestimar e descartar o materialismo. Mas o que é um real sem matéria? O mundo das “coisas”? Isso é absurdo e irresponsável.
Gerardo Flores Peña: Em muitos de seus livros e artigos nós podemos encontrar uma insistência na questão da vida como um conceito biológico, e você acusa muitos filósofos contemporâneos (Foucault, Agamben e Meillassoux) de excluir o corpo biológico na filosofia, e a vida biológica em geral, como algum tipo de des-biologização do conceito de vida e corpo. Quais são as conseqüências desta des-biologização? Como a filosofia contemporânea poderia superar essa exclusão e como isso afetará sua forma?
Catherine Malabou: Bem, como eu disse anteriormente, o conceito de biopoder tem sido usado para desacreditar imediatamente todas as tentativas de considerar o progresso biológico como uma melhoria outra além da tecnológica. Ninguém depois de Foucault ousou dizer que a pesquisa biológica poderia ser emancipatória, e fornecer à filosofia atual conceitos capazes de renovar a própria crítica e a desconstrução. É impressionante ver que esse desprezo não toca as matemáticas. Foucault é fascinado pelas matemáticas e nunca as envolve no biopoder. O mesmo acontece com Meillassoux. A matemática é a ciência ontológica nobre, inocente de toda tendência de maquinação e dominação. Não só estou certa de que isso não é verdade, mas também penso que esta hierarquia entre as ciências que os filósofos são tão propensos a estabelecer é totalmente absurda e injustificada. Pretendo explorar este problema ainda mais. O uso filosófico da matemática hoje é muito estranho, e merece ser desconstruído. Badiou, é claro, é o grande guru desta “matematização” do real. Nós sabemos o que está escondido por trás disso: o pensamento totalitário. E, é claro, Badiou odeia a biologia ….
Gerardo Flores Peña: Você disse que o realista especulativo tende a descartar e subvalorizar o materialismo, mas entre eles há vários que se definem mais como materialistas do que realistas, como Meillassoux, Grant, Levi Bryant e Manuel De Landa, mas você destacou uma característica muito interessante do materialismo, isto é, sua uma implicação política. Você se define como uma pensadora política? Você acha que seu trabalho poderia contribuir para a política radical e os movimentos de emancipação? Em que sentido?
Catherine Malabou: Os filósofos a que me referi na palestra que dei na conferência «Métaphysiques et Choses en Soi» (Paris, outono de 2016) rejeitam explicitamente o materialismo. Tal é o caso com Graham Harman e Ray Brassier. Meillassoux é mais ambíguo, fala de materialismo especulativo e se refere a Epícuro, mas ele rapidamente acrescenta que a contingência do desvio atômico, no antigo atomismo, de fato obedece a algum tipo de necessidade. Isso significa que o materialismo, para ele, não pode realmente explicar a contingência radical. Não sei se eu me defino como uma pensadora política. Eu acho esse rótulo tão pretensioso e arrogante! Principalmente quando você vê o que os atuais pensadores políticos oficiais têm para oferecer: um stalinismo revisto ou um modelo insurrecional ingênuo. Nenhum deles até então propôs algo convincente para sair do capitalismo e da exploração do trabalho. Para voltar ao realismo especulativo, eu notei que, no outro extremo havia uma ausência total de refazer e questionamento sobre a política. Qual é o significado político do real? Do mundo descorrelacionado? Os motivos do abandono inicial e da pobreza do sujeito, do vazio ou tabula rasa que abre a cena política (Rousseau, Althusser) nunca são abordados. Desde o início, eu afirmei que as novas definições de consciência, pensamento, subjetividade em geral, trazidas à luz pela biologia contemporânea estão transformando nossa visão de responsabilidade e agenda. Em que medida o sujeito biológico é revolucionário? Todo o meu trabalho está orientado para esta questão. Isso, novamente, não significa que eu me defina como uma “filósofa política”.
Gerardo Flores Peña: No seu último livro, “Antes do amanhã”, nós podemos ler uma análise muito profunda das implicações da metáfora “epigenética” de Kant no parágrafo 27 da primeira Crítica. Você acha que problema dele pode se estender a maior parte da tradição filosófica antes dele? A filosofia moderna sempre pensou de forma ambígua sobre o problema da vida biológica e da existência física? E, o mais importante, podemos pensar em vida biológica e corpo e existência física sem o risco de naturalismo, ou cientificismo?
Catherine Malabou: O medo de cair no naturalismo ou no cientificismo impediu os filósofos contemporâneos de se abrirem a algumas das mais importantes descobertas científicas revolucionárias do final do século 20 e início do 21. Penso na revolução neurobiológica, é claro, mas também na descoberta de células-tronco, nas potencialidades da clonagem e na evolução da biologia sintética. Além disso, os avanços da Inteligência Artificial, os múltiplos usos novos de dados e algoritmos, etc. Na época de Descartes, Kant, Hegel e até mesmo Marx, objetar o risco de naturalismo para qualquer pessoa interessada em ciência teria parecido ridícula. Como a filosofia pode ignorar o progresso científico? Como ela pode se recusar a dialogar com ele de outro modo do que apenas reprovação e desconfiança? Isso é algo que não entendo.
Gerardo Flores Peña: Quais são seus projetos atuais?
Catherine Malabou: Pode parecer contraditório com o que acabei de dizer, isto é, que não me defino como filósofa política, porque meu próximo projeto trata da anarquia. Gostaria de re-explorar essa noção à luz do conceito de ajuda mútua, trazido à luz por Kropotkin no século XIX. Este conceito está no ponto de cruzamento da filosofia, política e biologia. Eu então manteria essas três perspectivas, interrogando o desaparecimento da teleologia nos três campos, e me perguntando se um conceito libertário de ajuda mútua pode ser promovido em cada caso. Eu me pergunto se a ajuda mútua não é precisamente o tipo de noção que eu estou procurando: interdisciplinar e, novamente, na fronteira do simbólico e do biológico.
Isso também me daria a oportunidade de questionar a fronteira entre o anarquismo tradicional e o que tem sido chamado de pós-anarquismo, um conjunto de várias tendências e linhas de pensamento que buscam conciliar o libertarismo com o pós-estruturalismo. O pós-anarquismo é muito crítico com pensadores como Kropotkin, a quem eles julgam essencialista e racionalista por causa de seu uso da biologia e do evolucionismo. Essa rejeição é o que eu pretendo desafiar, renovando assim também a definição de ajuda mútua de Kropotkin. Em seu trabalho, a ajuda mútua aparece como a outra tendência da evolução, juntamente com a seleção natural. Os seres vivos não só competem, como também se ajudam mutuamente. A mutualidade política mantém algo desta memória biológica. A ajuda mútua não é apenas apoio e solidariedade; é autogestão, economia cooperativa, simbiose orgânica ou bioregionalismo ecológico. Então isso é o que eu estou explorando atualmente, mostrando que a ajuda mútua, ou ajuda, não constitui um telos no sentido tradicional, mas uma orientação emancipatória.
Gerardo Flores Peña: Que conselhos você dará aos jovens filósofos sobre o cenário contemporâneo de produção e debate filosóficos?
Catherine Malabou: Gostaria de aconselhá-los, em primeiro lugar, a adquirir uma sólida formação na filosofia clássica, desde os gregos até a fenomenologia. A nunca lerem a filosofia contemporânea sem esse background. Eu não acho que começar a filosofia lendo Zizek ou Badiou diretamente constitui uma armadura suficiente para enfrentar todos os problemas que em nossos tempos estão tão duramente aumentando. Por outro lado, fechar-se no estudo acadêmico de um autor tradicional também é ruim. Você não pode saltar sobre seu tempo, como diz Hegel, mas você deve ser o seu tempo o melhor possível. Podemos também refletir sobre o que Foucault chama de presente ou tempo presente, em seu maravilhoso texto, O que é Iluminismo? É necessário situar-se bem entre o passado e o futuro; caso contrário, o seu pensamento será vacilante, se eu posso dizer.
Eu também os aconselharia a sempre privilegiar o pensamento afirmativo sobre o niilismo e o ceticismo, para favorecer maneiras construtivas de pensar ao invés de modos de dissolução. Odeio o cinismo, no sentido pedante do termo. Lembre-se das lindas últimas palavras de Derrida: “Sempre prefira a vida”.
Eu também diria a eles para lutarem com todas as tentativas de descartar a filosofia continental com o pretexto de que ela não seria politicamente correta, ao ser muito eurocêntrica e falogocêntrica. Estudos culturais, em todas as suas extensões, são certamente necessários, mas ele nunca poderão substituir o rigor, o poder do questionamento, a disciplina conceitual e a demanda da filosofia. Defender a filosofia, que está ameaçada por toda parte, é para mim uma posição ética urgente e primária e um gesto.
*Realizada em 25 de Julho de 2017
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