Descrição
Este livro pode ser lido de três formas ácidas indissociadas – ácidas porque combativas.
Primeiro, um flanco de combate contra a tradição do hegelianismo que consolidou a imagem de um Hegel hermeticamente fechado em seu sistema e presumiu que a noção de sujeito que dali emergia era totalitária. Assemelhada às leituras que fazem Jean-Luc Nancy, Catherine Malabou, Slavoj Zizek, entre outros, temos um Hegel cuja negatividade enforma a nova contradição quando se desdobra em positivo e, portanto, Hegel se torna o filósofo da perda de essencialidade, da transitoriedade e do devir. É um sujeito que, para ser, precisa negar seus predicados.
Um segundo flanco de combate é contra a pós-verdade ou sua relativização em nome de um consenso liberal de representação. Temos em suas linhas não só a discussão sobre a ciência moderna como a maneira inventiva que a dialética hegeliana pensará os seus limites – projeto afirmado desde 1797 quando Hegel, Hölderlin e Schelling escrevem O mais antigo programa sistemático do idealismo alemão.
E o terceiro flanco, podemos afirmar, é contra o identitarismo. Nas palavras de Gilberto Tedeia, prefaciador do livro, aquilo que caracteriza a consciência identitaria é “a incapacidade de articular em si aquilo que a nega” A consciência identitária, “bloqueia e objetifica o mundo ao seu redor visando o gozo de uma unidade de modo patológico a negar qualquer diferença – o preenchimento ilusório de uma identidade fantasiosa que se depara com o nada.”
Sem se dobrar à chantagem das urgências cotidianas, Hegel e o sentido do político trata, portanto, de um mergulho rigoroso na obra hegeliana capaz de indicar uma leitura crítica, não deixando dúvidas de que o paradigma do pensamento hegeliano, a despeito dos milhares de detratores da sua filosofia, permanece de pé em pleno século XX.
Autor: Douglas Rodrigues Barros
Revisão: Carmen Amendola
Número de páginas: 432 páginas, 16×23 cm
Edição: 2022
Capa: Bruno Santana
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