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Perspectivas sobre o sujeito em psicanálise

R$55,00

[PRÉ-VENDA PROMOCIONAL – ENTREGAR A PARTIR DO FIM DE FEVEREIRO]

Sob a coordenação de Ivan Estevão do IP-USP, Sérgio Prudente – UFRN e Rodrigo Gonsalves – USP, o Grupo de Pesquisa de Orientação Lacaniana (GPOL) iniciou como uma proposta em torno de uma questão comum que era a de um retorno a Lacan que pudesse produzir subsídios teóricos em torno da psicanálise lacaniana. Levando em conta o comentário de Foucault sobre o retorno, o grupo entendeu esse movimento como uma espécie de metodologia de leitura que pode ser exercitada em práticas de pesquisa. Como forma geral, foi partindo do retorno que se buscou consensuar um tema transversal à obra de Lacan, bem como questões atuais que interrogam tal tema. O GPOL chegou à noção de sujeito como tema de pesquisa até o ano de 2023, o que gerou um engajamento de trabalho subdividido nos desdobramentos que deram origem aos capítulos.

A noção de sujeito comporta uma certa polêmica já dada em sua inadequação em relação ao método estruturalista desde a década de 1950. À revelia do “apagamento” do sujeito, Lacan reintroduziu o termo no interior da psicanálise lida e interrogada pelo estruturalismo – evento que levou a muitas críticas, debates e a necessidade de formalização cada vez mais rigorosa.


“No latim filosófico, subjectum foi considerado o correspondente latino do termo grego hupokeimenon, que significa alicerce ou fundamento. Porém, esse termo latino deriva de substare, verbo do qual advém substantia, tradução do termo aristotélico ousía, entendido por nós como essência geralmente. Essa espécie de ambiguidade é abrigada na filosofia de Descartes, que, ao mesmo tempo, toma subjectum como coisa (res) física ou espiritual e como essência formal. Contudo, como mostrou Marilena Chauí, buscar em Descartes a origem da subjetividade implica em um anacronismo. Subjectum deixa de ser ousía e res apenas com Kant, que promove a transformação da noção latina em ato de uma operação cognitiva e da determinação de um juízo.

Foram filósofos contemporâneos como Husserl e Heidegger que tomaram Descartes como ponto de partida da subjetividade e da noção moderna de sujeito, na esteira dos quais Lacan se insere. Ainda que não seja filósofo, esse psicanalista francês tomou parte disso que Vincent Descombes chamou de ‘querela francesa do sujeito’. Não se pode compreender o teor da obra de Lacan sem compreender essa noção central, e esse é um dos motivos pelos quais o livro que se tem em mãos se justifica. Como os autores e autoras mostram aqui, trata-se de uma noção fundante e fundamental da teoria lacaniana.

Porém, ao menos três outros motivos me parecem justificar a pertinência do presente livro. O primeiro deles – o mais evidente – diz respeito à inflexão de boa parte do debate em psicanálise em direção à discussão sobre a noção de sujeito, jamais mobilizada por Freud e por pós-freudianos como os da matriz britânica. Deve-se retornar a Lacan para investigar as razões dessa inflexão. O segundo motivo gira em torno da importância da noção de sujeito para a reflexão sobre a natureza da psicopatologia. O pathos é próprio da condição humana, mas é também particular, umbilicalmente vinculado a uma singularidade. A clínica psicanalítica trouxe e vem trazendo contribuições cruciais para o liame entre psicopatologia e singularidade, sobretudo quando as contrastamos aos efeitos da sanha classificatória e/ou biologizante da medicina mental contemporânea. O terceiro motivo corresponde à necessidade pensarmos a pertinência da noção de sujeito num mundo em que viceja a sujeição algorítmica impulsionada pela força da virtualização da vida. Há um debate crucial a ser feito com áreas como a semiótica e a filosofia.”

Marcelo Galletti Ferretti, Professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV)


“Theodor Adorno, em um texto tardio, partia do registro de que a categoria de sujeito é difícil de ser pensada, em parte por conta da equivocidade que o termo carrega, como se entre o conceito e a palavra, de alguma forma, não houvesse uma separação exaustiva, ou, poderíamos considerar, como se os diversos usos desse termo se imiscuíssem em nossos esforços de pensar rigorosamente o conceito. Ao mesmo tempo, sujeito está no centro de diversos impasses teóricos que a reflexão psicanalítica busca atravessar em seus diálogos com referenciais filosóficos que lhe são importantes: materialismo e idealismo, causa e efeito, empírico e transcendental, identidade e alteridade, singularidade e universalidade, unidade e multiplicidade, entre outros. Os ensaios que a leitora tem em mãos avançam em algumas dessas direções, sempre com a preocupação de enfatizar as consequências que as elaborações teóricas possuem para uma prática que não cessa de não se deixar eximir do confronto com as dimensões conflitivas e as perspectivas emancipatórias que marcam o tempo histórico e a situação política que é a nossa.”

Herivelto Pereira de Souza, Prof. do Departamento de Filosofia da Universidade de Brasília (UnB)

REF sir Categoria

Descrição

[PRÉ-VENDA PROMOCIONAL – ENTREGAR A PARTIR DO FIM DE FEVEREIRO]

Sob a coordenação de Ivan Estevão do IP-USP, Sérgio Prudente – UFRN e Rodrigo Gonsalves – USP, o Grupo de Pesquisa de Orientação Lacaniana (GPOL) iniciou como uma proposta em torno de uma questão comum que era a de um retorno a Lacan que pudesse produzir subsídios teóricos em torno da psicanálise lacaniana. Levando em conta o comentário de Foucault sobre o retorno, o grupo entendeu esse movimento como uma espécie de metodologia de leitura que pode ser exercitada em práticas de pesquisa. Como forma geral, foi partindo do retorno que se buscou consensuar um tema transversal à obra de Lacan, bem como questões atuais que interrogam tal tema. O GPOL chegou à noção de sujeito como tema de pesquisa até o ano de 2023, o que gerou um engajamento de trabalho subdividido nos desdobramentos que deram origem aos capítulos.

A noção de sujeito comporta uma certa polêmica já dada em sua inadequação em relação ao método estruturalista desde a década de 1950. À revelia do “apagamento” do sujeito, Lacan reintroduziu o termo no interior da psicanálise lida e interrogada pelo estruturalismo – evento que levou a muitas críticas, debates e a necessidade de formalização cada vez mais rigorosa.


“No latim filosófico, subjectum foi considerado o correspondente latino do termo grego hupokeimenon, que significa alicerce ou fundamento. Porém, esse termo latino deriva de substare, verbo do qual advém substantia, tradução do termo aristotélico ousía, entendido por nós como essência geralmente. Essa espécie de ambiguidade é abrigada na filosofia de Descartes, que, ao mesmo tempo, toma subjectum como coisa (res) física ou espiritual e como essência formal. Contudo, como mostrou Marilena Chauí, buscar em Descartes a origem da subjetividade implica em um anacronismo. Subjectum deixa de ser ousía e res apenas com Kant, que promove a transformação da noção latina em ato de uma operação cognitiva e da determinação de um juízo.

Foram filósofos contemporâneos como Husserl e Heidegger que tomaram Descartes como ponto de partida da subjetividade e da noção moderna de sujeito, na esteira dos quais Lacan se insere. Ainda que não seja filósofo, esse psicanalista francês tomou parte disso que Vincent Descombes chamou de ‘querela francesa do sujeito’. Não se pode compreender o teor da obra de Lacan sem compreender essa noção central, e esse é um dos motivos pelos quais o livro que se tem em mãos se justifica. Como os autores e autoras mostram aqui, trata-se de uma noção fundante e fundamental da teoria lacaniana.

Porém, ao menos três outros motivos me parecem justificar a pertinência do presente livro. O primeiro deles – o mais evidente – diz respeito à inflexão de boa parte do debate em psicanálise em direção à discussão sobre a noção de sujeito, jamais mobilizada por Freud e por pós-freudianos como os da matriz britânica. Deve-se retornar a Lacan para investigar as razões dessa inflexão. O segundo motivo gira em torno da importância da noção de sujeito para a reflexão sobre a natureza da psicopatologia. O pathos é próprio da condição humana, mas é também particular, umbilicalmente vinculado a uma singularidade. A clínica psicanalítica trouxe e vem trazendo contribuições cruciais para o liame entre psicopatologia e singularidade, sobretudo quando as contrastamos aos efeitos da sanha classificatória e/ou biologizante da medicina mental contemporânea. O terceiro motivo corresponde à necessidade pensarmos a pertinência da noção de sujeito num mundo em que viceja a sujeição algorítmica impulsionada pela força da virtualização da vida. Há um debate crucial a ser feito com áreas como a semiótica e a filosofia.”

Marcelo Galletti Ferretti, Professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV)


“Theodor Adorno, em um texto tardio, partia do registro de que a categoria de sujeito é difícil de ser pensada, em parte por conta da equivocidade que o termo carrega, como se entre o conceito e a palavra, de alguma forma, não houvesse uma separação exaustiva, ou, poderíamos considerar, como se os diversos usos desse termo se imiscuíssem em nossos esforços de pensar rigorosamente o conceito. Ao mesmo tempo, sujeito está no centro de diversos impasses teóricos que a reflexão psicanalítica busca atravessar em seus diálogos com referenciais filosóficos que lhe são importantes: materialismo e idealismo, causa e efeito, empírico e transcendental, identidade e alteridade, singularidade e universalidade, unidade e multiplicidade, entre outros. Os ensaios que a leitora tem em mãos avançam em algumas dessas direções, sempre com a preocupação de enfatizar as consequências que as elaborações teóricas possuem para uma prática que não cessa de não se deixar eximir do confronto com as dimensões conflitivas e as perspectivas emancipatórias que marcam o tempo histórico e a situação política que é a nossa.”

Herivelto Pereira de Souza, Prof. do Departamento de Filosofia da Universidade de Brasília (UnB)

Informação adicional

Peso 0.351 kg
Dimensões 14 × 21 × 1 cm

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